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Ex-presidente francês Jacques Chirac morre aos 86 anos

Causa da morte não foi divulgada. Porém, Chirac teve uma série de problemas de saúde depois do derrame que sofreu em setembro de 2005.

Data: Quinta-feira, 26/09/2019 17:37
Fonte: G1

O ex-presidente Jacques Chirac, que governou a França entre 1995 e 2007, morreu nesta quinta-feira (26) aos 86 anos. A Assembleia Nacional fez um minuto de silêncio em sua homenagem imediatamente após o anúncio da morte feito pelo genro do ex-presidente.

"Ele morreu cercado por entes queridos. Pacificamente ", declarou Frédéric Salat-Baroux, marido de Claude Chirac, sem especificar a causa da morte.

Desde que sofreu um derrame, em setembro de 2005, quando ainda era presidente da França, os problemas de saúde de Jacques Chirac se sucederam. Após deixar o Palácio do Eliseu, em maio de 2007, ele foi hospitalizado várias vezes.

Ao passar 12 anos na presidência, Chirac se tornou o chefe de Estado mais longevo no cargo depois de seu antecessor socialista, François Mitterrand. Ele foi também duas vezes primeiro-ministro, três vezes prefeito de Paris, ministro em diversas oportunidades, além de criador e líder do partido Reunião Pela República (RPR). Sua morte encerra um capítulo da história da direita francesa e da V República.

Em janeiro de 2014, sua mulher, Bernadette Chirac, estimou que o marido, que sofria de “problemas de memória”, não falaria mais em público.

A última vez que Chirac apareceu oficialmente em público foi em novembro de 2014, em um evento da fundação Chirac ao Serviço da Paz, que ele fundou em 2008. Enfraquecido, apoiado por um segurança, ele foi muito aplaudido quando chegou à cerimônia. Recentemente, a morte de sua filha mais velha, Laurence, aos 58 anos, o abalou profundamente.

História

 

Jacques Chirac nasceu em Paris, em novembro de 1932. Filho único, ele cresceu na Corrèze, no centro-oeste francês.

Na juventude, que teve como pano de fundo a Guerra Fria nos anos 1950, foi simpatizante do comunismo. Ele assinou o Apelo de Estocolmo pró-URSS contra a bomba atômica. Ele chegou a estudar nos Estados Unidos e, ao retornar à França, concluiu a trajetória clássica de estudos da elite francesa na prestigiosa Escola Nacional de Administração (ENA). Em em 1956, Chirac se casou com uma aristocrata, Bernadette Chaudron de Courcel, com quem teve duas filhas e adotou uma terceira.

No fim da década de 1950 cumpriu o serviço militar na Argélia, onde participou nas operações militares contra os independentistas, o que rendeu uma medalha de honra.

Sua carreira política começou no conselho municipal de Sainte-Féréole, em Corrèze, em 1965. Depois, foi eleito deputado.

Em 1967, ele passou a integrar um dos últimos governos do general De Gaulle. Como secretário do Estado para o Trabalho, negociou com os sindicatos aumentos salariais durante os distúrbios de maio de 1968. Rumores dizem que ele comparecia armado às reuniões com a CGT, o poderoso sindicato.

Em 1974, aos 41 anos, se tornou o primeiro-ministro de seu grande rival na direita, o presidente Valéry Giscard d'Estaing, pró-Europa e liberal, que permitiu pouca margem de manobra para governar. Chirac renunciou ao cargo em agosto de 1976.

Adepto de um "trabalhismo à francesa", chamava Giscard e seus simpatizantes de "partido do exterior". Herdeiro autoproclamado do general De Gaulle, Chirac fundou o próprio partido, Reunião Pela República (RPR), venceu a prefeitura de Paris, em 1977, e disputou a presidência pela primeira vez em 1981.

Convertido ao liberalismo dos anos Thatcher e Reagan, Jacques Chirac voltou a ser primeiro-ministro em 1986 em um governo de "coabitação" com o presidente socialista François Mitterrand, que o derrotou com grande folga nas eleições de 1988.

Em 1995, ele foi eleito presidente pela primeira vez e, em 2002, foi reeleito para um segundo mandato, após uma eleição que marcou a história recente francesa. Para surpresa geral, o presidente da Frente Nacional, Jean-Marie Le Pen, chegou ao segundo turno. Chirac concentrou, então, o apoio dos opositores da direita radical e obteve 82,21% dos votos.

 

Herança chiraquiana

Internacionalmente, Jacques Chirac entrou para a história como o presidente que ousou resistir aos Estados Unidos e não entrar na guerra no Iraque em 2003. Ele também foi o primeiro presidente da República a reconhecer a responsabilidade do Estado francês na deportação dos judeus durante a Segunda Guerra Mundial.

A França da era Chirac foi um dos primeiros países desenvolvidos a apoiar a candidatura do Brasil a uma cadeira do Conselho de Segurança da ONU. Esse apoio, aliás, foi ressaltado durante sua visita à Brasília, em maio de 2006, quando foi recebido pelo presidente Lula. Foi também durante seu último mandato que foi realizado, em 2005, o bem sucedido "Ano do Brasil na França", que comemorou os laços históricos entre os dois países.

Em relação a Europa, a política de Chirac é mais contrastada. Sua indefinição é apontada como responsável pelo não francês ao referendo de 2005 sobre a Constituição europeia, o que o enfraqueceu politicamente. Mas o ex-presidente também defendeu a entrada no bloco de outros países, principalmente do leste europeu.

 

Condenação judicial

 

O ex-presidente também tem uma mancha em seu histórico político. Chirac foi o primeiro chefe de Estado francês a ter sido condenado pela Justiça. Em 2011, depois que tinha perdido sua imunidade como presidente, ele foi condenado a dois anos de prisão, com direito a sursis, por empregos-fantasmas quando era prefeito de Paris, entre 1977 e 1995. Já sofrendo da doença degenerativa, ele obteve autorização para não comparecer ao tribunal.