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Polícia recebe do STJ documentos apreendidos em operação há 2 anos para análise em investigação sobre grampos em MT

Investigação retornou para o estado e o STJ devolveu os documentos. A Polícia Civil deve analisá-los.

Data: Segunda-feira, 21/10/2019 21:41
Fonte: G1 MT

A Polícia Civil recebeu na sexta-feira (18) várias caixas contendo documentos que foram apreendidos durante a primeira fase da Operação Esdras, em 2017, para investigar o esquema de grampos clandestinos em Mato Grosso, operadas por policiais militares no estado entre os anos de 2014 e 2015.

Esses documentos ainda não tinham sido analisados pela polícia e nem pelo Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), porque logo depois da apreensão houve uma decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) determinando que todos os inquéritos e depoimentos referentes às interceptações ilegais fossem remetidos àquela Corte.

Agora, como a investigação retornou para o estado, o STJ devolveu os documentos e a Polícia Civil deve analisá-los.

À época, a remessa dos documentos para a instância superior foi motivada por indícios de envolvimento do então governador de Mato Grosso, Pedro Taques (PSDB), no esquema de grampos, conforme denúncia feita à Procuradoria-Geral da República (PGR) pelo ex-secretário de Segurança Pública e promotor de Justiça Mauro Zaque. Taques tinha foro privilegiado.

Na denúncia, Zaque disse ter informado Taques, oral e formalmente, sobre a existência dos grampos em 2015 e que, em conversa com o então comandante-geral da Polícia Militar, coronel Zaqueu Barbosa - atualmente preso por suposto envolvimento no esquema -, este teria afirmado que as interceptações se davam por ordem do próprio governador.

Taques sempre negou ter conhecimento sobre os grampos.

Em setembro deste ano, por determinação da Justiça, foi montado um grupo de trabalho, coordenado pela delegada Ana Cristina Feldner, para conduzir os inquéritos policiais que apuram os casos.

Operação Esdras

 

operação, deflagrada no dia 27 de setembro de 2017, prendeu sete pessoas, em Cuiabá e em Várzea Grande, na região metropolitana da capital. São elas: coronel Airton Siqueira (à época secretário de Justiça e Direitos Humanos), coronel da PM Evandro Alexandre Lesco, Helen Christy Carvalho Dias Lesco (mulher de Lesco), Paulo Taques (ex-secretário chefe da Casa Civil e primo do governador de Mato Grosso), Rogers Jarbas (ex-secretário estadual de Segurança Pública, que à época estava afastado do cargo), sargento João Ricardo Soler e o empresário José Marilson.

Todos os presos estão soltos.

 

Os grampos

 

O esquema foi denunciado à Procuradoria-Geral da República pelo promotor de Justiça Mauro Zaque, que foi secretário de Segurança em 2015. Ele diz que recebeu denúncia do caso naquele ano e que alertou o governador Pedro Taques.

Agora, a PGR investiga se Taques sabia do crime e de quem partiu a ordem para as interceptações. O governador, por sua vez, nega que tinha conhecimento sobre o caso.

Segundo consta na denúncia, pelo menos 80 pessoas tiveram as conversas grampeadas no período em que o esquema funcionou. Entre elas políticos de oposição ao então governo de Mato Grosso, advogados, médicos e jornalistas.

Os telefones foram incluídos indevidamente em uma investigação sobre tráfico de drogas que teria o envolvimento de policiais militares. O resultado dessa investigação, porém, não foi informado pelo governo até hoje.