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Número de cesarianas aumenta no mundo e OMS divulga guia para reduzir procedimentos realizados

Organização diz que procedimento não traz benefícios significativos para a saúde da mulher ou do bebê e só deve ser feito por razões médicas.

Data: Quinta-feira, 11/10/2018 13:37
Fonte: G1

O aumento do número de cesarianas realizadas no mundo preocupa a Organização Mundial da Saúde, que divulgou nesta quinta-feira (10) um guia para profisisonais da saúde para reduzir os números de procedimentos desnecessários realizados.

De acordo com o documento, as taxas de cesarianas realizadas têm aumentado constantemente, mas sem benefícios significativos para a saúde da mulher ou do bebê.

A organização ressalta no documento que a cesariana é efetiva para salvar a vida de mãe e bebê, mas somente quando é indicada por razões médicas.

Enquanto muitas mulheres que necessitam de cesarianas ainda não têm acesso à cesariana, particularmente em locais com poucos recursos, muitas outras passam pelo procedimento desnecessariamente, por razões que não podem ser justificadas clinicamente.

Segundo a OMS, a cesárea está associada a riscos de curto e longo prazo que podem se estender por muitos anos além do parto e afetar a saúde da mulher, da criança e de futuras gestações. Esses riscos são maiores em mulheres com acesso limitado a cuidados obstétricos abrangentes.

"As cesarianas também são dispendiosas, e altas taxas de cesáreas desnecessárias podem, portanto, afastar recursos de outros serviços essenciais de saúde, particularmente em sistemas de saúde sobrecarregados e fracos", diz o documento.

No documento, a OMS mostra dados recentes de 150 países. Atualmente, 18,6% de todos os nascimentos ocorrem por cesariana, variando de 1,4% para 56,4%. Ainda de acordo com a OMS, por quase 30 anos, a comunidade científica internacional considerou a taxa ideal para cesariana seção entre 10% e 15%.

 

Cesarianas pelo mundo

 

América Latina e Caribe têm as taxas mais altas de cesariana (40,5%), seguido pela América do Norte (32,3%), Oceania (31,1%), Europa (25%), Ásia (19,2%) e África (7,3%).

Análise de tendências com base em dados de 121 países mostra que entre 1990 e 2014, a média global da taxa de cesárea quase triplicou (de 6,7% para 19,1%) com uma taxa média anual de aumento de 4,4%.

Os maiores aumentos absolutos ocorreram na América Latina e Caribe (de 22,8% para 42,2%), seguida pela Ásia (de 4,4% para 19,5%), Oceania (de 18,5% para 32,6%), Europa (de 11,2% para 25%), América do Norte (de 22,3% para 32,3%) e África (de 2,9% para 7,4%).

A OMS classifica o aumento como "sem precedentes" e "uma preocupação global que pede debate" da comunidade médica.

 

Diferentes causas

 

Segundo a OMS, as causas do aumento são múltiplas. Mudanças nas características da população, como o aumento na prevalência da obesidade, ou os aumentos na proporção de mulheres que nunca tiveram filhos, mulheres idosas ou nascimentos múltiplos, foram citados como possíveis contribuintes para o aumento.

Esses fatores são improváveis, no entanto, para explicar o grande aumento observado e as grandes variações entre países. Outros fatores, como diferenças na estilo de prática profissional, o medo dos médicos de processos, e fatores organizacionais, econômicos, sociais e culturais também são citados.

 

Propostas da OMS

 

Segundo a OMS, o guia oferece recomendações de intervenções que incorporem questões apresentadas por profissionais de saúde e pacientes. Também leva em consideração os diferentes sistemas de saúde dos países e suas limitações.

Dentre as sugestões da OMS, estão:

 

  • Intervenções educacionais para mulheres e famílias para apoiar um diálogo significativo e tomada de decisão informada sobre o tipo de parto (por exemplo, oficinas de treinamento para mães e casais, programas de treinamento de relaxamento conduzidos por enfermeiros, programas psicossociais de prevenção para casais, psicoeducação para mulheres com medo de dor ou ansiedade).
  • Uso de diretrizes clínicas, auditorias de cesarianas e feedback oportuno aos profissionais de saúde sobre práticas de cesariana.
  • Exigência de segunda opinião para indicação de cesariana no local de atendimento em locais com recursos adequados.
  • Algumas intervenções direcionadas a organizações de saúde são recomendadas somente sob rigorosa pesquisa, como modelo colaborativo de obstetrícia (ou seja, um modelo de pessoal baseado nos cuidados fornecidos principalmente por parteiras, com 24 horas de acompanhamento de um obstetra que fornece cobertura de trabalho doméstico) ou estratégias financeiras (ou seja, reformas de seguro que equalizam as taxas médicas para partos vaginais e cesarianas).