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Babaçu é nova alternativa de renda na Região Noroeste de Mato Grosso.

Faz-se farinha, bolacha e óleo.

Data: Quarta-feira, 23/01/2019 16:12
Fonte: Projeto Poço de Carbono Juruena/André Alves.
“A gente só precisa pegar o babaçu na floresta e se trabalhar o dia todo dá pra fazer até 50 quilos de farinha num dia”. A afirmação é da extrativista Andreia Gomes dos Santos, da Associação de Mulheres Andorinhas do Canamã – Amac, que produz pães e biscoitos, além de vender a própria farinha, em Juruena, no Noroeste de Mato Grosso.
A associação é apoiada pelo projeto Poço de Carbono Juruena, que é desenvolvido pela Aderjur, com patrocínio da Petrobras, por meio do Programa Petrobras Socioambiental. A proposta de apoiar iniciativas extrativistas é de demonstrar que a floresta em pé, além de todos os benefícios ecológicos e climáticos, pode ser uma eficiente fonte de renda.
 
Paulo Nunes, coordenador do projeto Poço de Carbono Juruena, explica que o extrativismo é uma forma de se relacionar com a natureza, pois os extrativistas precisam que as árvores não sejam derrubadas. “Além de todos os benefícios socioambientais desta atividade, uma pesquisa recente comprovou que a farinha de babaçu pode substituir completamente os microplásticos em qualquer tipo de uso deste produto. Esta substituição representa atualmente um dos maiores desafios ambientais do planeta, porque os microplásticos foram usados em larga escala e estão contaminando diversos ambientes, inclusive oceanos”, declarou ele.
 
“Nós já iniciamos, há mais de dez anos, uma forte experiência com a castanha-do-Brasil, em que 300 famílias de agricultores e indígenas produziram somente na última safra, 200 toneladas de castanha e produtos derivados e geraram uma renda de R$ 2,5 milhões”, explica.
Como o extrativismo da castanha é feito no período chuvoso e o do babaçu nos meses de seca, e as duas espécies estão próximas dentro da floresta, as duas atividades podem ser realizadas pelas mesmas famílias, garantindo segurança econômica e alimentar, e a valorização ainda maior da floresta em pé.
Além da Amac, outras associações e a Cooperativa de Agricultores do Vale do Amanhecer (Coopavam) estão incentivando seus filiados a diversificarem seus produtos como forma de conseguirem novos mercados.
 
Apesar de ser trabalhoso produzir a farinha, a renda vale a pena, já que agricultores familiares conseguem vender o quilo para a Conab, por meio do Programa de Aquisição de Alimentos – PAA, por 26 reais.
 
A farinha pode ser utilizada em diversas receitas, substituindo o amido de milho, atuando como um reforço nutricional, pois é rica em fibras e possui propriedades antioxidantes. Por esta característica ela retarda o aparecimento de doenças degenerativas, como consequência atrasa o envelhecimento e ajuda a diminuir o risco de surgimento de tumores malignos.
O bom trabalho desenvolvido pela Amac fez com que recentemente no mês passado o Selo Nacional da Agricultura Familiar (Senaf) da Secretaria Nacional da Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário (Sead) para a farinha, bolacha e óleo produzidos pela associação.
Paulo Nunes, complementa que ainda dá pra fazer muito mais. Outra iniciativa possível é o carvão a partir da casca do coco. E mais do que isso, como o babaçu está presente em vários estados da região Centro-Oeste, Norte, Nordeste e até mesmo no Sudeste, estas receitas podem ganhar escala em outras iniciativas espalhadas pelo Brasil.
 
Poço de Carbono Juruena:
 
O projeto Poço de Carbono Juruena, patrocinado pela Petrobras e desenvolvido pela Associação de Desenvolvimento Rural de Juruena –Aderjur, busca oferecer alternativas sustentáveis de renda aos agricultores familiares e povos indígenas.
 
O projeto apoia o extrativismo da castanha-do-Brasil em vários municípios do Noroeste de Mato Grosso. Promove a educação ambiental para a gestão e conservação dos recursos naturais. Também incentiva a diversificação de cultivos na recuperação de áreas por meio de sistemas agroflorestais em pequenas propriedades de Juruena. Dessa forma, os agricultores têm diversas opções de cultivos e uma renda garantida e melhor distribuída ao longo do ano. Além do benefício econômico, os sistemas agroflorestais “imitam” o comportamento da floresta, armazenando carbono e ajudando a mitigar os efeitos das mudanças climáticas.
 
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