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Há 6 anos, jornalista de MT faz post na mesma data para agradecer irmão por doação de rim

Nara Regina de Castro, de 53 anos, disse que, além de agradecer pelo presente que ganhou do irmão, faz o post para tentar conscientizar que é possível fazer o transplante por meio da doação entre pessoas vivas.

Data: Domingo, 27/01/2019 10:06
Fonte: G1 MT

O dia 10 de janeiro é uma data importante no calendário da jornalista Nara Regina de Castro, de 53 anos. Foi nesse dia que ela e o irmão, José Nilton da Silva, de 55 anos, passaram por uma cirurgia para que ele doasse um rim à ela. Desde 2013, nessa data, Nara faz uma postagem de agradecimento nas redes sociais.

O drama da jornalista, que mora em Cuiabá, começou em 2005, quando descobriu que sofria de insuficiência renal crônica. A descoberta aconteceu durante um exame de rotina.

O diagnóstico a assustou e fez com que Nara adotasse novos hábitos de vida, com alimentação balanceada e controle regular do índices glicêmicos.

A jornalista tinha muito medo de que a doença chegasse em um estágio que ela tivesse que passar por hemidiálise. Assim, ela fazia o possível para manter-se dentro dos padrões recomendáveis pela equipe médica.

"Não queria passar quatro horas por dia, três vezes por semana, dentro de uma unidade de saúde fazendo hemodiálise", lembrou.

No entanto, houve um período em Nara ficou mais debilitada e teve que suspender várias atividades, entre elas, o trabalho. Nessa época, decidiu passar um período em Porto Alegre (RS), onde mora a família dela.

Nara com a mãe e o irmão — Foto: Arquivo pessoalNara com a mãe e o irmão — Foto: Arquivo pessoal

Nara com a mãe e o irmão — Foto: Arquivo pessoal

Ao lado da mãe e do irmão, ela tentava superar os desafios da doença. Porém, ao fazer novos exames, foi informada de que a situação havia se complicado e a hemodiálise era uma das alternativas para garantir a sobrevivência dela.

"Nesse período, eu sentia muita indisposição, muitas dores, quase não saía de casa, nem via os amigos e já estava quase convencida a me submeter ao tratamento com hemodiálise", contou.

Outra alternativa de Nara era o transplante e, para isso, teria que enfrentar uma fila bem grande. Diante da possibilidade, o marido e o irmão de Nara se ofereceram para doar um rim à ela.

Os exames foram feitos e o rim do irmão apresentou ser mais compatível que o do marido. Mas, o processo não foi tão simples. José Nilton passou por outros exames e teve que fazer acompanhamento psicológico.

Para Nara também não foi fácil, a felicidade de receber um rim, era suprimida pelo medo de fazer o irmão sofrer.

"Me sentia responsável pela vida dele. E apesar de achar que foi uma atitude linda da parte dele, sofria com a possibilidade de que ele sofresse", revelou.

Entretanto, o cuidado que José Nilto tinha para com a irmã mais nova "falou" mais alto. Decidido, ele fez todos os procedimentos necessários para que o transplante fosse realizado. Questionado por uma médica, pouco antes da cirurgia, se tinha certeza de que queria doar o rim, ele respondeu que não havia dúvida.

O procedimento cirúrgico foi realizado e, segundo Nara, deu tudo certo e nenhum dos dois teve problemas no período pós-operatório.

"O rim começou a funcionar no mesmo dia. O fato do doador ser meu irmão, tornou a compatibilidade mais forte do que se fosse o rim de outra pessoa que não tivesse vínculo sanguíneo comigo", explicou ela.

Nara, que tem dois filhos, se tornou avó e remete ao irmão a possibilidade de hoje, poder conviver com os netos. Para demonstrar essa gratidão, todos os anos, no dia 10 de janeiro, ela faz uma postagem de agradecimento nas redes sociais, como se fosse a comemoração de um renascimento.

"Além de agradecer pelo presente que ele me deu, quero chamar atenção e conscientizar às pessoas que é possível fazer o transplante sem chegar ao estágio da hemodiálise, por meio de doação entre pessoas vivas", alertou.