Caro leitor, inicialmente, devo alertar que este artigo não tem a pretensão de esgotar o tema. Para isso, seriam necessárias muitas e muitas páginas. O objetivo é tratar do assunto como um alerta para que as pessoas tomem cuidado com os perigos que envolvem tal tema. Ainda assim, não consegui fugir de ser prolixo. Por isso, peço com todo o carinho: respire fundo! E, leia até o fim!
O assunto que proponho expor nesse texto é, senão o mais importante, um dos mais falados e mais polêmicos dos últimos tempos: “Fake News”. Recentemente essa expressão da língua inglesa foi incorporada ao vocabulário do tupiniquim. E, não é à toa, ela dá o que falar! Mas, o que é, a final, esse fenômeno das “fake news”?
É preciso destacar que a informação constitui um Direito Fundamental do cidadão. É fundamental, pois é essencial para a vida de para todos nós. Para saber o quão importante é o direito à informação, basta que você imagine como seria a vida em sociedade se nós cidadãos fossemos privados de receber informações sobre tudo o que acontece ao nosso redor: acontecimentos importantes na esfera da economia, da política ou até o que acontece na sua cidade, que seja de relevância para todos. Imagine o quão difícil seria a vida se vivêssemos desinformados quanto a eventos que influenciam ou até determinam o curso de nossas vidas.
Estar informado é importante. Mas, ainda mais importante é estar bem informado. De nada adianta a informação se ela for falsa? Vou além: informação falsa não é informação, é desinformação!
Fake News, expressão “gringa” para Notícia Falsa. A expressão é nova, a prática, nem tanto assim. Não é de hoje que temos de lidar com notícias falsas. Uma definição breve de “fake News” é: notícias e boatos, que, sendo falsos, são divulgados como se fossem verdadeiros. E, elas são tão difundidas porque parecem muito que são verdadeiras. Principalmente, se nós quisermos acreditar que elas são. Isso mesmo! Muitas vezes nós somos levados a acreditar que algo é verdadeiro, porque queremos que ele seja. Quando queremos que algo seja verdade, somos mais propensos a dar crédito àquilo. Esse é um campo muito fértil para a “fake news”. Um outro ponto que deve ser tratado aqui é o baixo senso crítico que muitos de nós temos. Isto é, a pouca disposição a questionar a veracidade de alguma coisa. Basicamente, o efeito disso é acreditar em tudo (ou quase tudo) o que se diz. E, não preciso me esforçar muito para te convencer de que isso é muito nocivo para todos nós. Resumindo, em bom português, “fake news” não passa de uma grande mentira.
Puxando o gancho desse assunto, podemos falar também de um outro termo (esse menos conhecido nas esferas populares e mais tratado na academia): a Pós-verdade. Esse é um conceito bastante discutido nas ciências sociais, e pode ser explicado da seguinte maneira: Vivemos em um tempo de tão baixo senso crítico, que, para que algo seja considerado verdade, basta que você queira que ele seja. Você cria sua verdade. Os argumentos para ela são só um detalhe. E, esse detalhe é fácil de resolver. Você também cria os argumentos que defendem sua verdade.
Aprendemos que a ciência requer que um determinado método seja respeitado para a investigação da realidade. Esse método (que tem diversas variantes) se constitui em: a) identificação de um problema; b) formulação das hipóteses de solução desse problema; c) testagem de todas as hipóteses; d) eliminação das hipóteses ineficientes; e) a conclusão é a tomada da hipótese que melhor responde e resolve o problema inicial como a melhor e a mais aceita até o momento.
Em resumo, o método científico é: primeiro você tem um problema, depois, você busca soluções possíveis para esse problema. Em seguida, você testa todas as soluções possíveis. Daí, com base nos testes que você fez, você cria seus argumentos para sustentar sua “melhor hipótese”. Só depois, você tem sua conclusão.
A pós-verdade inverte essa lógica: primeiro, você tem sua conclusão. Depois, você corre atrás de seus argumentos. Caro leitor, com isso está decretada a morte da razão! Não há como se investigar o mundo de maneira séria dessa forma! Pois, qualquer coisa pode ser verdade. E, não...não é assim que funciona! As coisas tem de ser provadas para serem confiáveis!
Mas, o que esse papo todo tem a ver com “fake news”? Tem a ver que as notícias devem passar por um critério de respeito à realidade para virarem notícia. E, hoje, o leitor, que está acostumado com a ultravelocidade do mundo virtual, não se dá o trabalho verificar se a notícia procede. Muitos de nós nem lemos o conteúdo da notícia (nos contentamos com o anúncio da manchete). Quando nos comportamos assim, somos alvos fáceis das “Fake News”!
Você que acompanha o noticiário “on-line” deve se lembrar de uma mulher que foi espancada até a morte em Guarujá-SP, depois que espalharam um boato de que ela raptava crianças para praticar magia negra. A mulher foi assassinada por conta de uma mentira espalhada pela internet.
Creio que você também se lembre de uma “fake news" que ficou famosa nas eleições de 2018, que dizia que o, então candidato à Presidência, Fernando Haddad teria distribuído para crianças da cidade de São Paulo, mamadeiras cujo bico tinha formato fálico. Essa informação não encontra qualquer vínculo com a realidade.
Você também, deve ter conhecimento da “fake news” recentíssima, que diz que as prefeituras do Brasil recebem uma grana preta por cada novo paciente de COVID-19. Essa em especial é a mais tosca, pois, basta uma pesquisa breve para concluir que não há qualquer previsão legal que autorize o tal repasse (em outro momento, me dedicarei a falar desse assunto com mais detalhes e demonstrações de argumentos jurídicos).
Esses são apenas alguns exemplos, dentre as dezenas, centenas de notícias que recebemos todos os dias, que não tem qualquer compromisso com realidade.
Se livrar das “fake news" é um trabalho custoso, mas, é necessário e faz muito bem! Ao ler uma notícia, devemos, antes de tudo, verificar a fonte. Pergunte se o veículo dessa informação é confiável, ou se ele tem histórico de veiculação de outras “fake news". Via de regra, fuja dos tabloides e dos jornais sensacionalistas. Pelo amor de Deus, evite ter como fonte principal de informação as redes sociais, como Whatsapp, Twitter e Facebook. É neles que mora o perigo! São antros de “fake news". Prefira os veículos de grande circulação e de reputação já conhecida e consolidada , pois estes tem todo um aparato e uma equipe constituída para a melhor apuração da veracidade da informação para poder veicula-la como notícia.
Uma outra boa saída é conversar com alguém que tenha maior conhecimento sobre determinado assunto. Profissionais da área são boas opções, pois eles acumulam maior experiência e conhecimento acadêmico-científico sobre o tema.
Nós nunca estaremos totalmente livres das “fake News”, pois se desenvolvem métodos cada vez mais ardilosos de nos levar a erro. Mas, é sempre necessário estar atento. Pois, ninguém quer ser enganado.