A Coreia do Norte afirmou nesta quinta-feira (7) que uma guerra nuclear na Península da Coreia está se tornando inevitável e acusou os Estados Unidos de terem a intenção de provocá-la, apontando para os exercícios militares realizados com a Coreia do Sul e que envolvem centenas de aeronaves, incluindo dois bombardeiros supersônicos B1-B.
Em comentários atribuídos a um porta-voz não identificado do Ministério do Exterior, o regime norte-coreano alegou que autoridades americanas, incluindo o diretor da CIA, Mike Pompeo, confirmaram suas intenções de promover uma guerra na Península da Coreia por meio de uma série de "declarações belicosas".
"Enquanto os EUA realizam seu maior exercício aéreo conjunto na Península da Coreia, tendo como alvo a República Democrática Popular da Coreia, seus políticos de alto escalão demonstram sinais alarmantes ao fazerem declarações belicosas, uma após a outra", afirmou o porta-voz.
No sábado, Pompeo afirmara que as agências americanas de inteligência acreditavam que o líder Kim Jong-un não tem ideia da fragilidade de sua situação, tanto em termos domésticos quanto internacionais. O porta-voz norte-coreano chamou de provocação essa "crítica imprudente ao nosso líder supremo, que está no coração de nosso povo".
O porta-voz argumentou que Washington segue a estratégia de avançar passo a passo para deflagrar o conflito. Diante disso, a guerra na Península da Coreia passou a ser uma questão de "quando" e não mais de "se", afirmou o diplomata, citado pela agência de notícias oficial norte-coreana, a KCNA.
"Não desejamos a guerra, mas não vamos nos esconder dela. Caso os EUA calculem mal a nossa paciência e acendam o pavio da guerra nuclear, asseguramos que amargarão as consequências com o poder de nossa força nuclear, que temos reforçado consistentemente", disse o porta-voz. "A questão que resta agora é: quando será iniciada a guerra?"
Os comentários foram divulgados pela agência estatal de notícias horas após os bombardeiros B1-B realizarem manobras no espaço aéreo sul-coreano. As aeronaves, normalmente estacionadas na base militar americana da ilha de Guam, no Pacífico, simularam ataque a alvos em terra num campo militar na costa leste da Coreia do Sul.
"Com o exercício, as Forças Aéreas da Coreia do Sul e dos EUA demonstraram a forte resolução dos aliados e a capacidade de punir a Coreia do Norte em caso de ameaças com armas e mísseis nucleares", afirmou o comando militar sul-coreano.
A manobra conjunta "Vigilant Ace", iniciada nesta segunda-feira, vai durar cinco dias. Além dos B1-B, os exercícios contam com a participação de mais de 230 aviões dos dois países, incluindo 12 caças com revestimento "invisível" dos EUA (seis F-22 e seis F-35), além de outros seis EA-18G Growler, caças-bombardeiros projetados para a chamada "guerra eletrônica".