O empresário de Blumenau, no Vale do Itajaí, Antonio Nunes conheceu o irmão mais novo há pouco mais de uma semana. Ele contratou Maicon em janeiro e durante uma viagem de carro pela empresa descobriu o parentesco. Os dois ainda têm um irmão do meio, Jefferson.
A história começa com a mãe. Segundo Antonio, ela não tinha condições de cuidar dos filhos e doou os três. Ele, o mais velho, ficou com a avó. Jefferson e Maicon foram dados cada um para uma família diferente.
"A família do Jefferson sabia tudo sobre a nossa. Quando o pai dele faleceu, a mãe dele falou nome de mãe, tudo certinho. Ele me achou bem fácil", conta Antonio. Ele e Jefferson se conheceram em 2016 e, desde então, procuravam pelo terceiro irmão. A única informação que tinham sobre ele era a data de nascimento.
Eles procuraram se havia algum documento sobre a adoção na prefeitura, mas não tiveram sucesso. "A gente sabia que tinha uma cabeleireira que na época fez a parte da doação, mediou a doação. Ela conhecia a família que queria adotar e conhecia a minha mãe, uma coisa nesse sentido", diz Antonio.
Ele procurou a mulher. "Faz um ano e meio, dois anos, eu fui atrás dessa cabeleireira pra saber se ela conhecia a família. Ela falou que não conhecia mais, não tinha mais contato com a mulher que adotou. A única coisa que ela sabia era que o pai adotivo se chamava João".
Além disso, a cabeleireira contou que tinha encontrado a família em um dia de eleição e que foi apresentada ao menino adotado.
Antonio e Maicon se conheceram por motivos profissionais. "Eu tenho uma revenda de gás, eu levava gás numa empresa e ele era o conferente. Isso já faz uns 10 anos. Eu levava gás lá e nós criamos uma amizade de conhecido, colega", contou Antonio.
No ano passado, Maicon postou o currículo em uma rede social dizendo que buscava um emprego. Na empresa de Antonio, uma vaga abriu em janeiro e ele foi contratado após uma entrevista.
Em 14 de fevereiro, Antonio precisava buscar um motorista da empresa em Araucária, cidade paranaense próxima a Curitiba. “Convidei o Maicon para ir junto comigo para ele saber como é lá, onde o caminhão carrega, como é feito o carregamento", diz Antonio.
Durante a viagem, ele percebeu que Maicon tinha cacoetes parecidos com os de um parente. “Falei ‘toma cuidado que meu tio-avô tinha isso por causa do peso’”. Em seguida, Maicon disse “meu sobrenome antes de ser adotado era Nunes”. Antonio desconfiou.
“Ele começou a falar assim do nada, ele não tava procurando irmão, entendeu? Ele começou a falar ‘o meu sobrenome era Nunes, a minha mãe se chamava Sulimar e a minha adoção foi feita através de uma cabeleireira ali na antiga rodoviária'. Eu olhei pra ele e falei assim ‘ô, gordo, tu é meu irmão, cara’”.
Como Maicon não acreditou, Antonio mencionou o nome do pai adotivo e a cabeleireira no dia da eleição. “A história fechou”.
Para confirmar mesmo o parentesco, os irmãos recorreram à certidão de nascimento de Maicon, onde estavam os nomes da mãe, da avó e do avó, os mesmos de Antonio. Os três irmãos têm 35, 34 e 31 anos.