A Polícia Civil do Distrito Federal investiga como uma mulher teria se feito passar por uma paciente diagnosticada com câncer para receber doações. Telma Cristina Saraiva, que chegou a receber o título de Miss Superação, agora é suspeita de cometer estelionato.
A denúncia partiu de integrantes da ONG Vencedoras Unidas, frequentada por Telma entre setembro e dezembro de 2018. Segundo Raquel Carvalho, vice-presidente da ONG, "o discurso da mulher era uma farsa".
De acordo com a Polícia Civil, as investigações ainda estão em andamento. Telma apagou os perfis que tinha nas redes sociais e não foi localizada pela reportagem.
Segundo a ONG, Telma fazia palestras onde dizia que tinha câncer e pedia doações para o tratamento.
“Ela começou a usar a camiseta da ONG nas palestras que ela realizava, tentando se legitimar como paciente oncológico.”
Raquel explica que quando Telma se aproximou do grupo todos ficaram sensibilizados. A história de vida contada pela mulher era de extrema dificuldade.
"Ela dizia que não tinha pensão e nem condições financeiras para comprar comida. Muitas mulheres fizeram doações para a Telma."
De acordo com a denúncia da ONG, durante os encontros com mulheres que enfrentam a doença, Telma dizia que havia superado o quarto câncer. Por isso, ela recebeu o título de Miss Superação.
Segundo Raquel, em outubro do ano passado, durante o Congresso do Centro-Oeste de Pacientes Oncológicas, Telma foi convidada para palestrar. Mas durante a fala dela, começaram as suspeitas.
"O depoimento era muito raso e tinha mais coisas motivacionais."
As histórias contadas por Telma passaram a não fazer sentido para a ONG. A "gota d’água" para Raquel foi quando Telma falou que fazia quimioterapia manipulada, com remédios comprados em uma farmácia de manipulação.
Além disso, segundo a organização, ela recusou uma consulta gratuita com um oncologista indicado pelo grupo. A desconfiança aumentou quando Telma disse que se consultava com um médico que nunca foi encontrado.
Raquel explica que a ONG é um trabalho feito totalmente por voluntários e que nunca imaginou que alguém fingiria ter câncer. Agora, o grupo passou a fazer um processo de triagem para verificar a história de quem se aproxima das reuniões.
“É muito triste porque a gente nunca imaginou que teria que ter esse processo todo.”
Segundo a vice-presidente da Vencedoras Unidas, o importante agora é desassociar a imagem da suspeita com a ONG. Procurada pela TV Globo e pelo G1, Telma não atendeu as ligações até a última atualização desta reportagem.