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Grupo de amigos decide continuar em escola vítima de atentado após atividade de acolhimento: 'Se a gente fica, todo mundo fica junto'

Davi Moraes dos Santos disse que ele e os amigos estavam decididos a trocar de escola após o massacre da quarta-feira (13), mas que atividade de acolhimento fez eles repensarem a decisão.

Data: Terça-feira, 19/03/2019 22:34
Fonte: G1

Ao término do primeiro dia de atividades para o acolhimento dos alunos da Escola Estadual Professor Raul Brasil, em Suzano, o estudante Davi Moraes dos Santos e amigos decidiram continuar os estudos na unidade de ensino vítima de um massacre na quarta-feira (13). "Um precisa da força do outro. Se um sai, todo mundo vai querer sair. Se a gente fica, todo mundo fica junto”, disse.

Segundo o estudante, a decisão dele e do grupo de amigos foi tomada depois de passar por terapia na unidade. “A gente estava pensando em sair, mas depois da conversa com a psicóloga, nós nos juntamos para ficar”, explicou o estudante ao deixar a escola na tarde desta terça-feira (19).

Para a merendeira Silmara Cristina Silva de Moraes, que ajudou a salvar cerca de 50 crianças, a escola vai escrever um novo capítulo daqui em diante.

 

“Eu sei que nós vamos fazer o melhor que nós temos. Vamos dar o melhor de nós para que essas crianças possam sair daqui e terminar o ano feliz. Eu sei que a nossa escola vai virar a história de outra forma”, enfatizou.

 

As amigas de profissão de Silmara também saíram com o mesmo objetivo. Lizete Alves dos Santos disse ter ficado desanimada no começo porque pensou que as alunos não iriam às atividades desta terça-feira. “Mas eles estavam aí, nos acolheram muito bem. Hoje foi bom voltar porque nós vimos os nossos meninos”, disse.

O atentado ainda entristece Sandra Aparecida Ferreira, que também é merendeira. Mas, voltar à escola que foi reformada e contou com uma equipe para recebê-los, trouxe conforto à funcionária. “Aos poucos vamos voltando. A nossa alegria está voltando por eles (alunos) estarem voltando”, contou.

Do lado de fora da escola, muitas homenagens continuam. Os nomes de cada uma das oito vítimas assassinadas estão em diversas partes dos muros e calçadas da escola.

A dona de casa Isabel Cristina de Moraes foi levar a filha para a atividade de acolhimento. “Eu disse para ela vir porque iriam conversar, que iria ter mais segurança. Tanto que ela veio de um jeito e vai voltar com outro”, diz.

A voluntária Eliana Cristina Graças Borges reuniu os amigos e levou um cartaz com escritos de esperança aos jovens. “Eu cheguei aqui ontem e, a primeira pessoa que eu abracei foi o pai do Samuel. Abraçando ele, eu não só o confortei, mas também senti uma paz dele. Ele é um homem de Deus”, contou.

 

O caso

 

Os assassinos de 17 e 25 anos mataram sete pessoas na Escola Estadual Raul Brasil, na quarta-feira (13). Um deles baleou e matou o próprio tio, em uma loja de automóveis.

A investigação aponta que, depois do ataque na escola, um dos assassinos matou o comparsa e, em seguida, se suicidou. A polícia diz que os dois tinham um "pacto", segundo o qual cometeriam o crime e depois se suicidariam.