O juiz Jorge Luiz Tadeu Rodrigues, a 7ª Vara Criminal de Cuiabá, determinou, nessa segunda-feira (1º), a suspensão de medidas cautelares impostas a investigados por participação em um suposto esquema escutas ilegais que funcionou entre os anos de 2014 e 2015, no governo de Mato Grosso.
Os acusados Paulo Zamar Taques, Airton Benedito de Siqueira Júnior, Rogers Elizandro Jarbas, Evandro Ferraz Lesco, João Ricardo Soler, Michel Ferronato, Helen Dias Lesco e Gerson Correa Júnior, ficou imposto o comparecimento bimestral em juízo, bem como, a todos os atos processuais a que foram intimados.
Aos que ocupam cargos públicos por concurso, como Rogers Jarbas e Michel Ferronato fica autorizado o retorno ao trabalho.
Os investigados são suspeitos de participarem de um esquema de escutas ilegais que interceptou e gravou conversas de mais de 800 pessoas, entre políticos, jornalistas e advogados.
Os telefones foram interceptados com autorização judicial. Os documentos pedindo à Justiça autorização para isso foram assinados pelo cabo da PM, Gerson Luiz Ferreira Correia Júnior, que passou quase dois anos preso, numa suposta investigação de crimes cometidos por PMs.
No entanto, foram juntados os telefones de quem não era suspeito de crime algum, numa manobra chamada "barriga de aluguel".
O caso foi denunciado pelo promotor de Justiça Mauro Zaque. Em depoimento encaminhado à Procuradoria-Geral da República, ele afirmou que, naquele ano, ouviu o coronel Zaqueu Barbosa, comandante da PM à época, dizer que as interceptações telefônicas eram feitas por determinação de Pedro Taques (PSDB).
Zaque alega ainda que levou o assunto ao governador, que ficou constrangido, mas não fez nenhum comentário.
O promotor ainda afirmou que alertado o governador sobre a existência de um "escritório clandestino de espionagem" por meio de dois ofícios. O primeiro chegou a ser enviado para o Ministério Público Estadual (MPE), mas a investigação foi arquivada por falta de provas.
O segundo ofício, que o governador alega nunca ter recebido, foi protocolado na Casa Civil, mas cancelado no mesmo dia e substituído por outro, conforme apontou auditoria da Controladoria Geral do Estado.
Antes do relatório da CGE vir à tona, Pedro Taques chegou a entrar com representação contra Zaque em instituições como o Conselho Nacional do Ministério Público e a PGR, acusando-o de falsificação de documento público.