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Bebê prematura é transferida para UTI após bloqueio de R$ 145 mil dos cofres do Estado

Data: Quarta-feira, 01/05/2019 14:11
Fonte: Olhar Direto

Por meio da Defensoria Pública de Mato Grosso, a bebê prematura de apenas 25 dias de vida, Lorena Leite Romero conseguiu, nesta terça-feira (30), ser transferida para uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital da Criança, em Goiânia (GO), onde receberá tratamento para pneumonia e complicações respiratórias. Para que a vida da criança fosse salva, houve o bloqueio de R$ 145 mil dos cofres do Governo do Estado.

Do município de Querência (966 quilômetros de Cuiabá) Lorena nasceu prematura e com dificuldades respiratórias no dia 6 de abril. E 22 dias depois, voltou para o hospital com pneumonia e em estado grave, o que levou a equipe médica a indicar UTI, no domingo (28). De acordo com informações da assessoria de imprensa, o dinheiro custeou o transporte aéreo e servirá para remunerar o tratamento da doença que a bebê contraiu, logo após o nascimento.
 
O defensor público que atua em Nova Xavantina, Leandro Jacometti de Oliveira, entrou com ação na Justiça, com pedido de liminar, para que o Estado providenciasse a vaga, no mesmo dia. No início da noite, o juiz plantonista Ítalo da Silva, determinou que a transferência e que a vaga fossem providenciadas imediatamente.
 
"A criança veio de Querência para o Hospital Regional de Água Boa, que mesmo sendo regional, não tem leitos de UTI. Como o juiz determinou cumprimento imediato, ele nos deu a chance de buscarmos orçamentos em hospitais privados, na mesma hora, o doutor Leandro começou o trabalho para pedir o bloqueio de valores. A regulação pública, já tinha indicado que não havia vaga disponível", explica a defensora que atua em Água Boa, Carolina Weitkiewic.
 
A defensora informa que ela e Oliveira buscaram orçamentos em nove hospitais diferentes, até conseguirem o de Goiás. E com base no documento, entraram com o pedido de bloqueio.
 
"A sensibilidade dos juízes, diante da omissão do Estado, nesse caso, foi fundamental para agilizar o socorro a essa prematura. Vimos, com as recentes mortes de crianças por falta de vagas em UTIs, que minutos, horas, fazem diferença para salvar a vida delas. E a rapidez com a qual conseguimos as decisões, certamente implicará positivamente na recuperação da saúde da Lorena", avalia.
 
Com a decisão do bloqueio em mãos, a defensora ainda ligou no hospital e na empresa de transporte aéreo, explicou a gravidade da situação, e conseguiu que transportassem e recebessem a prematura, antes do pagamento dos valores serem efetuados. "O dinheiro pode levar dias para cair na conta dessas empresas e graças a Deus tiveram sensibilidade em perceber que a bebê, não tinha todo esse tempo".
 
O valor bloqueado foi para o custeio de 10 dias de UTI e cinco em apartamento, além da cobertura de medicamentos, exames e atendimento médico especializado. "A família está muito feliz, o pai está muito emocionado e acreditamos que Lorena vai se recuperar. Porém, o que estamos fazendo é apagar incêndio", avalia a defensora.
 
Carolina acredita que enquanto o problema da oferta de vagas em UTIs não for solucionado, a tendência é piorar. "O tema tem que ser debatido por toda a sociedade para encontrarmos a solução. O hospital Regional de Água Boa atende a nove municípios, era para ter estrutura mínima, mas não tem. Com o fechamento das vagas de UTI infantil, em Cuiabá, todo plantão precisamos entrar com ações. Apenas eu, já consegui o bloqueio de R$ 350 mil do Estado. Precisamos de hospitais e vagas. Do contrário, a situação não vai melhorar", avalia.
 
Lorena chegou às 11h30 desta terça-feira no Hospital da Criança e já esta sendo atendida. A defensora lembra que o prematuro que nasceu de cinco meses, no dia cinco de abril, Pedro Vinícios de Moura, recebe tratamento, em Cuiabá, e já ganhou peso e passa bem. Carolina também atuou no caso dele, conseguindo o bloqueio de R$ 203 mil para garantir a atenção médica em UTI.
 
Quatro mortes
 
Nas últimas semanas, quatro bebês morreram por falta de UTI em Mato Grosso. O pequeno Nycholas, de cinco meses, que esperava por uma vaga morreu após ter uma parada cardiorrespiratória, no Hospital Municipal de Tangará da Serra. 
 
Uma bebê indígena identificada como M.K morreu na UPA de Sinop. A criança precisava ser avaliada por neurologista e aguardava vaga em uma UTI Neonatal. No mesmo município, uma menina de um ano identificada como I.E.C. morreu. Ela apresentava quadro de tosse seca, desconforto respiratório e febre e aguardava vaga em UTI.
 
Em Jaciara, um bebê de apenas 28 dias, identificado como Enzo Gabriel Onofre Vivian, morreu no Hospital Municipal, após sofrer cinco paradas cardíacas. A mãe da vítima teria tentado agredir a médica plantonista, que teria desligado os aparelhos. Familiares teriam pedido que a equipe aguardasse uma vaga em uma UTI.