O ex-secretário de Saúde de Cuiabá, Huark Douglas Correia, e os médicos Fábio Liberali Weissheimer e Luciano Correia Ribeiro, confessaram à Justiça que houve fraude na licitação para a administração do Hospital São Benedito, na capital, e que eram donos de todas as empresas que participaram da concorrência realizada em 2015.
Eles disseram que pagavam mensalmente propina a agente público, como consta na decisão da juíza Ana Cristina Mendes, da 7ª Vara Criminal de Cuiabá. A confissão dos investigados foi considerada pela Justiça na decisão que mandou soltá-los, na sexta-feira (3).
"Como forma inequívoca de demonstrar a postura colaborativa, os embargantes informam a desistência de todos os habeas corpus impetrados objetivando medida liminar de liberdade provisória e apontam nos autos de confissão de irregularidades na composição de preço no termo de referência da licitação, do Hospital São Benedito, dispondo que todas as empresas participantes do certame licitatório eram de propriedade dos embargantes", diz trecho da decisão.
No entanto, eles alegaram que as empresas tiveram as atividades encerradas e que não há mais contrato com a administração pública.
Os investigados deixaram a prisão, mas continuam sendo monitorados com tornozeleira eletrônica e devem seguir algumas regras. São elas:
Huark e os outros médicos estavam presos desde o dia 30 de março. Eles e outras quatro pessoas foram detidas durante a segunda fase da Operação Sangria, que apura fraudes em licitação, organização criminosa e corrupção ativa e passiva, referente a condutas ilícitas praticadas por médicos, funcionários públicos e outros, por meio de contratos vinculados às secretarias estadual e municipal de Saúde com as empresas usadas pela organização.
Segundo a apuração, a organização mantinha influência dentro da administração pública, no sentido de desclassificar concorrentes, para que ao final, apenas empresas pertencentes a eles (Proclin/Qualycare) pudessem atuar livremente no mercado.
O caso é conduzido pela Delegacia Especializada em Crimes Fazendários e Contra a Administração Pública (Defaz).