A defesa de Luis Felipe Manvailer, acusado de ter matado a própria esposa, a advogada Tatiane Spitzner, em Guarapuava, na região central do Paraná, pediu que ele não seja levado a júri popular. Os advogados também pediram que o réu seja absolvido das acusações de fraude processual e cárcere privado.
Os pedidos foram feitos nas alegações finais da defesa, apresentadas nesta segunda-feira (13). Este é o último passo antes da Justiça decidir se Manvailer vai a júri popular ou não. O Ministério Público pediu que ele seja julgado no Tribunal do Júri.
Manvailer é réu no processo por homicídio qualificado, cárcere privado e fraude processual. O caso ocorreu em julho do ano passado.
A defesa de Manvailer pediu que as qualificadoras - motivo fútil, meio cruel, dificultar defesa da vítima e feminicídio - sejam afastadas caso ele seja pronunciado pela juíza Paola Mancini, da 2ª Vara Criminal de Guarapuava.
Segundo o MP-PR, Manvailer matou a mulher por esganadura. Na sequência, de acordo com a denúncia, ele jogou o corpo dela pela sacada do prédio onde morava, recolheu o corpo e o levou de volta para o apartamento.
No documento, a defesa sustenta que Tatiane se suicidou. Os advogados alegam que Manvailer "teria que ter a força de um guindaste" para jogar o corpo da esposa da sacada.
As alegações também defendem que o fato do corpo ter caído a quase quatro metros de distância do parapeito da sacada indicam que houve "impulso típico de suicídio".
Os advogados de Manvailer alegam que testemunhas deram versões diferentes sobre o caso em juízo se comparados aos depoimentos prestados na delegacia. Segundo a defesa, as versões apresentadas ainda na fase do inquérito policial reforçam a tese de suicídio.
O documento da defesa afirma ainda que não houve fraude processual nem cárcere privado.
Segundo a acusação do Ministério Público, houve alteração na cena do crime e Manvailer usou da força para impedir que Tatiane se afastasse do réu, o que, segundo a acusação, caracterizaria os crimes.
De acordo com os advogados, quando Manvailer recolheu o corpo de Tatiane sua "intenção era apenas não deixar o corpo de sua esposa exposto ao relento".
"O mesmo se diga com relação à limpeza dos vestígios de sangue do elevador: sua intenção não foi a de burlar a investigação, mas sim a de evitar que outros moradores não se sobressaltassem ao se deparar com sangue na área comum de circulação dos condôminos", disse a defesa.
O documento também afirma que, ao chegar no prédio onde os dois moravam, imagens das câmeras de segurança mostram que "a vítima teve diversas oportunidades para, se quisesse, ter se evadido do local, só não o fazendo por vontade deliberação de sua própria vontade".
A advogada Tatiane Spitzner foi encontrada morta na madrugada do dia 22 de julho no apartamento em que o casal morava em Guarapuava. O marido dela, Luis Felipe Manvailer, é acusado pelo Ministério Público (MP-PR) de ter matado Tatiane por asfixia.
Na madrugada da morte da advogada, a Polícia Militar (PM) recebeu um chamado de que uma mulher teria saltado ou sido jogada de um prédio e caído na calçada. Ao chegar no local, testemunhas relataram que um homem teria carregado o corpo para dentro do prédio. Rastros de sangue foram encontrado na calçada.
Na sequência, a PM encontrou corpo da advogada dentro do apartamento.
Imagens de câmeras de segurança do circuito interno do prédio mostram Luis Felipe agredindo Tatiane. Algum tempo depois, o acusado aparece carregando a mulher no colo. Em uma outra imagem, Luis Felipe aparece no elevador limpando vestígios de sangue, segundo a Polícia Civil.
O réu foi preso horas depois ao se envolver em um acidente na BR-277, em São Miguel do Iguaçu, no oeste do Paraná. Durante a audiência de custódia, Luis Felipe negou ter matado Tatiane e disse que a esposa se suicidou. O acusado disse que bateu o carro porque a imagem de Tatiane pulando da sacada não saía da cabeça dele. Para a Polícia Civil, o réu tentava fugir para o Paraguai.