As irmãs siamesas Lis e Mel – separadas, em abril, por uma cirurgia inédita no Distrito Federal – receberam alta médica na manhã desta segunda-feira (3). Elas comemoraram o aniversário de 1 ano nesse sábado (1º) e, de presente, ganharam a autorização para voltar para casa.
As meninas estavam internadas há 36 dias, no Hospital da Criança de Brasília. A alta foi assinada pelo médico Benício Oton, coordenador da equipe que realizou o procedimento. "Já assinei as altas, falta fazer curativos especiais", explica o cirurgião. "Devem sair ainda hoje de manhã".
Mel e Lis passaram 10 meses unidas pela cabeça, na altura da testa. A separação das gêmeas siamesas ocorreu no dia 27 de abril. O procedimento, de alta complexidade, é considerado "raríssimo" pelos médicos, e durou cerca de 20 horas – com 36 etapas.
Esta foi a primeira cirurgia do tipo a ser realizada no Distrito Federal, a terceira do Brasil e a décima do mundo, de acordo com a Secretaria de Saúde.
Lis saiu da UTI na última segunda-feira (27). Mel havia deixado a unidade intensiva uma semana antes. Quando as duas se encontraram, no mesmo quarto da enfermaria, trocaram longos olhares, se tocaram e Mel recebeu a irmã com um beijo (veja vídeo abaixo).
Em entrevista anterior ao G1, a mãe das meninas, Camila Vieira, disse que a gratidão é o sentimento que, agora, mais representa a família.
"Agora nós vemos a vida de uma forma diferente. Assim como elas lutaram, também aprendemos a dar mais valor à nossa [vida]."
Cirurgia complexa
Mais de 50 profissionais participaram do procedimento, todo feito pelo SUS, no Hospital da Criança de Brasília José de Alencar. Foi o primeiro do tipo no Distrito Federal e o terceiro no Brasil.
Segundo a equipe, não havia veias ou artérias ligando o cérebro das meninas. Mas o processo, além de raro, exigia extremo cuidado. No local onde os cérebros ficavam encostados não existia nenhuma membrana revestindo o sistema nervoso.