Dennis Rodrigues de Vasconcelos, conhecido como ‘James’ e apontado nas investigações da Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO) como o segundo no comando da FMC Ello, que tem o empresário Frederico Muller Coutinho como líder, continua foragido da Justiça. Ele é um dos quatro alvos da ‘Operação Mantus’ que não teve o mandado de prisão preventiva cumprido. A última informação recebida pelas autoridades dá conta de que ele estaria em viagem para o Piauí, onde estaria tentando entrar com a prática do ‘jogo do bicho’.
“O [alvo] mais importante que está foragido é o Dennis. É o que nos interessa para que fale alguma coisa. Ele é apontado como o segundo na hierarquia da FMC. Temos a informação de que ele poderia estar indo para o Piauí. Talvez para colocar uma ramificação da empresa lá”, disse o delegado Flavio Stringueta, titular da GCCO.
O delegado também nega que algo sobre a operação possa ter vazado, facilitando a fuga do suspeito. “Não acredito que tenha havido, se não, teríamos vários outros sem serem encontrados. Foi uma coincidência apenas”.
A ‘Operação Mantus’ prendeu 29 pessoas, de um total de 33 mandados de prisão preventiva e 30 buscas e apreensão domiciliar. Entre os que se encontram presos está o ex-comendador João Arcanjo Ribeiro, apontado como o líder da ‘Colibri’, que seria a rival da FMC Ello.
Interceptações telefônicas feitas pela Polícia Civil apontam que Dennis é o gerente comercial da FMC Ello e que ele seria o número dois no comando da organização, em Mato Grosso, abaixo apenas de Frederico.
Em uma das conversas registradas, Dennis se mostra preocupado com valores arrecadados nos ‘recolhes’, visto que alguns tinham sido efetuados com a senha de uma das integrantes da organização. Na ocasião, ele avisou que “talvez vai ter que fazer auditoria nisso tudo aí, se não tá pulando coisa de vocês aí”.
As interceptações também apontam que Dennis atua na estruturação física e expansão da organização criminosa. Este é um dos pontos que faz a polícia acreditar que a viagem do alvo para o Piauí possa ter sido para implantar uma ramificação do grupo naquele Estado.
Dennis também teria sido responsável por intimidar, mediante ameaça, pessoas que decidiram não mais realizar as apostas para a FMC Ello. Nas contas correntes da sua titularidade, foram creditados R$ 230.346,32, sendo que, deste montante, R$ 29.400,00 são oriundos diretamente da empresa Muller Coutinho Assessoria de Cobrança, do chefe da organização, Frederico Coutinho.
Investigação
As investigações iniciaram em agosto de 2017, com denúncia de um colaborador, indicando a existência do domínio do jogo do bicho por parte de Frederico Muller Coutinho. Mas durante a apuração constatou-se que havia mais de uma organização, e que está se mantinha sob a liderança do ex-comendador e seu genro.
“A desarticulação dessas organizações representa a contenção de um acirramento que já estava acontecendo com sequestro e extorsões, relacionado ao jogo do bicho, que não pára. A parte da lavagem de capitais foi mais complicada, pois necessita identificar de onde vem o recurso e sua destinação”, relatou o delegado Luiz Henrique Damasceno.
O delegado titular do GCCO, Flávio Henrique Stringueta, asseverou que mesmo que o inquérito seja concluído as investigações irão continuar. “As investigações continuarão para tentar encontrar mais bens e atacar a parte econômica das organizações criminosas”, disse.
As investigações foram comandadas pela Delegacia Especializada de Fazenda e Crimes Contra a Administração Pública (Defaz) e da Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO), ambas unidades da Diretoria de Atividades Especiais da Polícia Civil de Mato Grosso.
A operação deflagrada no dia 29 de maio, prendeu 29 pessoas, de um total de 33 mandados de prisão preventiva e 30 buscas e apreensão domiciliar. Entre os presos está o ex-comendador João Arcanjo Ribeiro, seu genro Giovanni Zem Rodrigues, e Frederico Muller Coutinho, sendo este último acusado de liderar uma segunda organização criminosa montada para disputar o território do jogo do bicho com os dois primeiros.