Os moradores encontraram peixes mortos boiando no Rio Teles Pires, onde funciona a Usina Hidrelétrica (UHE), em Sinop, a 503 km de Cuiabá. Nesta sexta-feira (14), a Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema) e o Centro Integrado de Operações Aéreas (Ciopaer) estiveram no local para verificar a denúncia da morte de peixes. A usina informou que ainda irá se manifestar sobre o caso.
Os moradores cobram providências das autoridades, pois não é a primeira vez que a mortandade de peixes acontece no rio. Desta vez, foram encontrados peixes mortos na região alagada depois que as comportas da usina foram abertas.
Em fevereiro, pescadores da região de Itaúba, a 599 km de Cuiabá, encontraram peixes mortos no Rio Teles Pires. A empresa responsável pela Usina Hidrelétrica disse ter comunicado a Sema sobre o caso e retirado os peixes do rio na época.
De acordo com os moradores, é possível ver os peixes mortos na água e também borbulhas frequentes, que seriam os peixes tentando acesso à superfície para respirar. Essa situação é consequência do surgimento de resíduos na água e, por isso, causam a dificuldade de respiração dos peixes.
Segundo a Sema, depois que souberam do caso a equipe foi até o local nessa quinta-feira (13) e está fazendo fiscalização para identificar a causa das mortes dos peixes. Verificaram o lugar profissionais do núcleo estadual de Cuiabá e de Sinop, em dois dias de verificação.
Na fiscalização feita pela Sema estão sendo coletadas amostras de água para testes que devem apontar a causa da morte dos peixes. As análises vão mostrar a qualidade da água e o possível motivo que está causando a morte dos peixes desta vez.
A Sema disse que a partir do momento que peixes são encontrados mortos a situação é verificada e a Usina Hidrelétrica (UHE) tem a obrigação de retirar esses animais da água para evitar futuros problemas. Portanto não foi achado peixes mortos.
Ao G1 a Sema informou que o resultado das amostras coletadas das águas sai em alguns dias, mas que resultados preliminares devem sair no início da próxima semana. O resultado total das análises realizadas não tem previsão, pois alguns dos testes são feitos fora do estado.
Na primeira aparição de peixes mortos no Rio Teles Pires, o relatório da Sema apontou negligência por parte da UHE na morte de cerca de 13 toneladas de peixes. Na época, o governo afirmou que a mortandade dos peixes foi causada pela alteração da turbidez da água, em função da transposição de sedimentos da barragem.
A Sinop Energia, empresa responsável pela usina, recebeu uma multa no valor de R$ 50 milhões por danos ambientais, que, segundo a Sema-MT, provocada pela abertura das comportas que causou o lançamento de sedimentos nas águas do Rio Teles Pires e ocasionou a morte de toneladas de peixes.
De acordo com a Sema, a multa aplicada a usina não foi paga porque a empresa pode recorrer da decisão judicial, pois o processo está em andamento.
O órgão está aguardando o resultado de uma perícia judicial pedida pelo Ministério Público Federal (MPF) determinada pela Advocacia Geral da União (AGU) que irá apontar a dimensão total do impacto ambiental causado pela usina.
Veja a nota da Sema na íntegra:
A Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema-MT) informa que foi acionada e na quinta-feira (dia 13 de junho) a Diretoria de Unidade Desconcentrada de Sinop esteve no local para averiguar o ocorrido e, no mesmo dia, uma equipe de Cuiabá foi enviada para fazer coleta de amostras da água para análise. Nesta sexta-feira (14), uma segunda equipe de Cuiabá foi enviada para realizar o sobrevoo com apoio do Centro Integrado de Operações Aéreas (Ciopaer). As investigações preliminares apontam para uma ocorrência pontual, uma vez que não foram encontrados outros exemplares de peixes mortos. Os primeiros boletins sobre o ocorrido ficarão prontos no início da próxima semana.
Em relação à mortandade de peixes ocorrida em fevereiro, a multa de R$ 50 milhões aplicada à época está em fase de instrução aguardando a perícia judicial que está sendo realizada no bojo da Ação Civil Pública conduzida pelo Ministério Público para ter o dimensionamento exato do dano.