Dizem que há males que vem para o bem. E o ditado foi certeiro na vida da roraimense Laula Lima Chagas, 33. Morando em Cuiabá há sete anos, ela é vigilante, e depois que fez uma cirurgia bariátrica e mudou de estilo de vida, passou a ter o sonho de se tornar blogueira. Há cerca de uma semana, compartilhou em seu Instagram uma montagem com uma foto ‘batendo massa’, e outra fazendo uma pose para a foto. A imagem foi compartilhada com os dizeres “quem nasceu para ser pedreira, nunca vai ser blogueira”, e foi depois disso, com ajuda de amigos e outros influenciadores, que seu perfil ‘bombou’ nas redes, e ela passou de cerca de 5 mil para 60 mil seguidores.

“Compartilharam [a montagem] em grupos de classificados de Cuiabá. Fiquei super triste, chateada e abalada”, explica ao Olhar Conceito. “Contei para uma amiga e ela mostrou minha história para um Instagram. Ele compartilhou, e depois a foto viralizou. Aconteceu tudo muito rápido. Confesso que fiquei muito surpresa e com muitas mensagens de apoio e carinho de muitas mulheres e homens em relação a minha profissão e afazeres”.

Laura fez a bariátrica há cerca de três anos. Ela pesava 87kg (com 1,48m de altura) e tinha obesidade grau médio. A cirurgia veio após a descoberta de uma diabetes, e, desde então, ela mudou totalmente o estilo de vida. “Quando mostrei minha trajetória de emagrecimento para amigas e mães de blogueiras infantis aqui de Cuiabá (plataforma IKDS MT), elas me incentivaram a mostrar a minha nova vida fitness e de reeducação alimentar no Instagram. Aí surgiu a ideia de começar a postar fotos do meu dia-a-dia, em maio desse ano”, lembra.

O número de seguidores dela girava em torno de cinco mil pessoas. Mas foi a vida dupla com o trabalho que chamou a atenção de mais gente, já que Laura é vigilante, mas dentro de sua função, também realiza manutenção e reparos nos prédios, como pintar, mexer com cimento, troca de torneiras e lâmpadas. Hoje, ela realiza este trabalho aos finais de semana e feriados, e divide o turno com três homens.

“Tem pessoas que ainda tem preconceito e se espantam quando digo que sou vigilante, principalmente quando eu trabalhava de madrugada”, lamenta. “A maldade maior foi quando compartilham minha foto nas redes sociais, em um dia de trabalho, porque acredito que isso foi para tentar me desmerecer ou diminuir”.

Agora, no entanto, Laura está feliz com a repercussão. Se aos finais de semana elatrabalha como vigilante, durante a semana é dona de casa e vendedora de roupas infantis, tem uma filha de seis anos de idade, e à noite realiza seus treinos na academia. Na rotina, ainda encontra tempo para as parcerias que estão surgindo. Laura é também formada em administração de empresas, e casada.

“Confesso que está tudo muito novo ainda, muita coisa acontecendo... mas vou tentar conciliar um horário para cada coisa”, afirma. “Estou vivendo um sonho em me tornar blogueira ou ser digital influencer, sou muito grata aos meus seguidores, sem eles eu não estaria vivendo o que está acontecendo hoje. Graças a Deus estou fechando algumas parcerias locais, mas meu sonho é ser reconhecida na rua, fechar muitas parcerias”. (Foto: Ingrid Rafaeli)

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