Um laudo da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema) apontou que a morte de peixes no Rio Teles Pires nos dias 13 e 14 de junho foi provocada pela falta de oxigênio na água. Não foi identificado o fator principal da mortandade devido à ausência de peixes mortos para ser periciados no dia da vistoria.
A vistoria foi feita no dia 14, após denúncia de moradores que encontraram peixes mortos boiando em um lago formado pela construção da Usina Hidrelétrica. Antes da coleta das amostras da água foram recolhidos 710 kg de peixes mortos.
Segundo os moradores, além dos peixes mortos estão surgindo borbulhas na água, que seriam de peixes tentando acesso à superfície para respirar. A situação seria consequência do surgimento de resíduos na água e, por isso, causou a dificuldade de respiração dos peixes.
No relatório, a Sema constatou que as borbulhas podem ter sido causadas por degradação de matéria orgânica no fundo do lago. Esse processo liberaria gases, como o gás sulfídrico e metano. Portanto, esses gases elevaram-se até a superfície, provocando o surgimento das borbulhas.
De acordo com o gerente da Secretaria, Gabriel Conter, não foi possível fazer análises nos peixes mortos devido o estado de decomposição e só foi possível constatar o baixo nível de oxigenação da água que não está nos parâmetros ideais.
Após o resultado da perícia, a Sema notificou a Usina Hidrelétrica a tomar precauções para remediar a situação, como a instalação de mais 10 aeradores na região onde ocorreram as mortes. Esse equipamento ajudaria no controle do oxigênio da água.
O primeiro caso foi em fevereiro, quando pescadores denunciaram o surgimento de peixes mortos na região de Itaúba, a 599 km de Cuiabá. Naquela época, foram recolhidas 13 toneladas de peixes mortos no Rio Teles Pires.
Na primeira aparição, o relatório da Sema apontou negligência por parte da Usina Hidrelétrica pela mortandade dos peixes. Na época, o governo afirmou que a morte foi causada pela alteração da turbidez da água, em função da transposição de sedimentos da barragem.
A Sinop Energia, empresa responsável pela usina, recebeu uma multa no valor de R$ 50 milhões por danos ambientais, que, segundo a Sema-MT, foi provocada pela abertura das comportas que causou o lançamento de sedimentos nas águas do Rio Teles Pires e ocasionou a morte de toneladas de peixes.
De acordo com a Sema, a multa aplicada a usina ainda não foi paga porque a empresa pode recorrer da decisão judicial, pois o processo está em andamento.
O órgão ambiental está aguardando o resultado de uma perícia judicial pedida pelo Ministério Público Federal (MPF) determinada pela Advocacia Geral da União (AGU) que irá apontar a dimensão total do impacto ambiental causado pela usina.