Felipe Massa quer continuar envolvido no automobilismo até quando for possível. Depois de dar adeus à Fórmula 1 nesta temporada, o piloto de 36 anos está cheio de projetos, como revelou em entrevista exclusiva ao Estado na última semana. Ele sai em definitivo do cockpit de um fórmula 1, mas não larga o automobilismo tão cedo.
O próximo ano começa com sua participação na corrida de duplas da Stock Car, planos de entrar na Fórmula E, além da estreia no cargo de dirigente da FIA. Ele acaba de ser eleito presidente do Conselho Internacional de Kart da Federação Internacional do Automobilismo (FIA).
A atuação nos bastidores deixa Felipe Massa ansioso para poder ajudar a desenvolver o automobilismo brasileiro, projeto que chegou a ter entre 2010 e 2011, quando organizou a Fórmula Futuro Fiat (FFF). Desta vez, sua ideia é somar o apoio da nova gestão da Confederação Brasileira de Automobilismo (CBA) e do presidente da FIA, o francês Jean Todt, com quem trabalhou nos tempos de Ferrari, para resgatar o automobilismo no Brasil. Sabe que seu trabalho não será fácil dado o atual cenário no País. Com sua aposentadoria, a F-1, por exemplo, vai correr em 2018 sem um piloto brasileiro.
Como surgiu o convite para você correr na Stock Car já na próxima temporada?
Essa ideia já tinha surgido um ano atrás, quando eu estava para me aposentar pela primeira vez. Eu conversei com o João Adibe, que tem a equipe Cimed, e ele me falou: ‘Se tiver a corrida de dupla, vamos ver se você corre’. Eu falei: ‘Está bom’. Mas, em primeiro lugar, não teve a corrida e eu já tinha decidido nessa época e estava avaliando a chance de ficar na Fórmula 1 por mais um ano, então não teria chance nenhuma de correr na Stock Car. Desta vez, após minha última prova, aconteceu a mesma coisa, e ele me chamou de novo.
Já sabe qual categoria vai disputar em 2018?
Não sei ainda. Para falar a verdade tem essa coisa da Stock Car, mas quero achar uma equipe decente para correr na Fórmula E. Esse é o meu caminho. Tenho algumas conversas encaminhadas. O meu pensamento é correr no próximo campeonato. Aí tem outras coisas no meio. Virei o presidente da CIK (Comissão Internacional de Kart). Sem dúvida é um cargo de muita importância e me dá prazer porque vou trabalhar com algo que eu também gosto. Tenho um prazer imenso em passar a minha experiência e ajudar (a categoria) a evoluir, tanto no lado da competição quanto do lado da segurança nas pistas. O kart é a escola de todo piloto profissional. Vou ter de me dedicar a isso, mas acho que pode ser algo interessante e importante também. Estou fazendo algo que gosto. Não estou guiando, mas passando a experiência que tenho de guiar para fazer o kart e o automobilismo, em geral, evoluírem.
Quais suas ideias e projetos iniciais para 2018?
Tenho muitas ideias, lógico. Tenho de começar o trabalho, ainda não começou. Apenas aconteceu a votação. Na verdade, tive uma conversa com o Dadai (Waldner Bernardo), que é o presidente da CBA (Confederação Brasileira de Automobilismo) e, antes disso, falei muito com o Jean Todt (presidente da FIA). Ele é praticamente o meu segundo pai na carreira. Jean queria usar a experiência que tenho para achar alguma coisa onde eu possa estar presente, ajudando, não só no kart, mas no automobilismo em geral. É um cargo muito importante, vou estar presente nas reuniões importantes, nas decisões que a FIA tem de tomar com a Fórmula 1 e o automobilismo em geral. A partir do momento em que parei, falei que tinha a intenção de ajudar. Farei isso.
Pretende seguir de vez com a carreira de dirigente?
Primeiro eu preciso entender, começar, ter uma experiência em cima disso e depois ver o quanto vai me dar prazer em ajudar. Acredito que eu posso ajudar bastante, com muitas ideias. Mas, sem dúvida, a vontade que tenho é de ser importante para a evolução do kart e em qualquer outra categoria.
Vai apresentar para a FIA algum projeto voltado ao Brasil?
Acredito que tem muita coisa para ser feita no automobilismo brasileiro. Sem dúvida, vou passar um pouco da experiência que tenho, daquilo que vejo acontecendo em outros países e em suas federações, até para ajudar não só as categorias, como também os pilotos brasileiros. Como acontece na França e na Alemanha, por exemplo. A federação pode ajudar financeiramente o piloto. Não que o dinheiro saia da federação, mas usando a possibilidade de usar a verba para ajudar os pilotos jovens, a escola de pilotos. Tudo isso que puder, estarei à disposição.
stará presente em algumas corridas da Fórmula 1 na próxima temporada?
Pretendo fazer uns cinco ou seis eventos em 2018. Sem dúvida em corridas importantes, como Monaco, Itália, Brasil ou Inglaterra. Para não só usar minha imagem, mas também fazer eventos em empresas que estão no meio da Fórmula 1. Não quero sumir depois do fim da minha carreira na categoria. Não é o jeito que sou. Gosto de participar. Tenho muito carinho pela Fórmula 1, não só por estar lá correndo, como pelo meio em geral.
Pensa em ser comentarista?
Não sei. Ainda não tenho nada certo. Mas dentro dessas corridas, pode ser que faça algo para a televisão. Não será televisão brasileira, mas lá de fora, alguma emissora do exterior.
Como sua mulher e seu filho esperam que seja o Felipe Massa sem a Fórmula 1?
Meu filho tem alguns intervalos na escola durante o ano. Então, nunca tive a chance de viajar para curtir com ele. Quero fazer mais parte dessa vida familiar, estar um pouco mais presente com meu filho no crescimento dele e em casa. Estive presente sempre, mas sendo piloto de Fórmula 1, tem muita viagem. E quando você não está correndo, está trabalhando na fábrica. Então, quero tentar ser mais presente na vida deles. Isso sem dúvida vai acontecer de agora em diante.
O Felipinho gostou da sua aposentadoria?
Ele gosta, mas me perguntou: ‘Por que você parou de correr? Ele queria que eu tivesse continuado’. Mas quando estou em casa, a brincadeira e a diversão são com o pai. As coisas que ele gosta de fazer são parecidas com as minhas, como andar de kart, jogar bola, andar em pista de skate com patinete. Vou estar mais presente.