O estoque de soro antiofídico recebido por Mato Grosso está 70% abaixo do necessário. O levantamento, obtido pelo G1, é da Secretaria de Estado de Saúde de Mato Grosso (SES-MT). Segundo a secretaria, o governo solicita 100% de estoque para atender a todo o estado e tem recebido somente 30% da necessidade.
O soro antiofídico é um medicamento para tratar mordidas de cobras venenosas.
A SES diz que a definição de quantidade não é de acordo com capacidade de estoque e sim de acordo com demanda estadual. O critério é estabelecido pelo Ministério da Saúde.
Nas duas últimas semanas dois casos de ataques de jararacas chamaram a atenção no estado: um menino, de 12 anos, está internado há 10 dias depois que foi picado no dia 30 de junho por uma jararaca no sítio onde mora com a família no município de Sorriso, a 420 km de Cuiabá.
No dia 5 de julho outro menino, de 10 anos, foi picado por uma cobra na cama enquanto dormia em uma fazenda no município de Lucas do Rio Verde, a 360 km de Cuiabá.
Nessas duas situações as famílias enfrentaram um problema: a falta de soro para tratar a picada da cobra. O medicamento só foi possível vindo de cidades vizinhas. Em outras cidades, moradores que sofreram os ataques tiveram que procurar atendimento médico em Cuiabá.
A SES explicou que Mato Grosso vem recebendo quantitativo de soro antiofídico abaixo do necessário, o que causa a falta em alguns municípios.
Apesar disso, a pasta garantiu que ainda conta com soros antiescorpiônico (indicado como um dos tratamentos para envenenamento causado por picada de escorpiões) e antiaracnídico (medicamento eficaz para o tratamento de picadas de aranhas) – por mais que em estoque reduzido.
O governo justifica, ainda, que o repasse do soro está reduzido desde 2014, ano em que os laboratórios produtores começaram as adequações estruturais para cumprir as normas definidas por meio das Boas Práticas de Fabricação (BPF), exigidas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
De acordo com a última nota informativa do Ministério da Saúde, a situação atual do fornecimento dos soros antivenenos e soro antirrábico humano permanece delicada e de forma parcial.
Este cenário deve-se às constantes reprogramações apresentadas pelos laboratórios produtores, como é o caso do Instituto Vital Brasil e a suspensão da produção dos soros pela Fundação Ezequiel Dias.
Influencia também a situação de pendências contratuais destes laboratórios produtores, referentes aos anos anteriores, o que impacta diretamente na distribuição desses imunobiológicos aos estados, conforme explicou a SES.