Um casal descobriu, nesta sexta-feira (26), que teve seu bebê trocado no Hospital de Urgências de Trindade (Hutrin), logo após o parto. A troca entre os bebês foi comprovada por meio de um exame de DNA, após 18 dias com os bebês trocados. O Hutrin também confirmou a troca (veja nota na íntegra ao final da reportagem).
A desconfiança do casal que realizou o exame de DNA surgiu porque o recém-nascido não teria qualquer semelhança física com os supostos pais. Na manhã deste sábado (27), os pais dos dois bebês trocados compareceram à delegacia para prestar informações sobre o caso, que está sendo investigado pela Polícia Civil.
De acordo com o advogado do casal que teve a iniciativa de realizar o exame de DNA, o marido questionou a esposa de quem seria o bebê já que o recém-nascido não teria a menor semelhança física com ele.
“Ele é bem branquinho, bem clarinho, e eu sou moreno, minha esposa é morena. Foi aí que começou a gerar a desconfiança, que poderiam ter trocado”, comentou o pai.
A mulher, então, decidiu fazer o exame para esclarecer os fatos o mais rápido possível, alegando que se o bebê não fosse filho do esposo, também não seria dela.
De acordo com o advogado da mulher, ela passou muito mal durante o parto e mal chegou a ver o bebê. Quando as enfermeiras retornaram, já entregaram o bebê trocado.
O exame de DNA foi realizado na segunda-feira (22), quando o recém-nascido estava com 13 dias de vida, e o resultado saiu na sexta-feira (26), comprovando que o bebê não é o filho biológico do casal.
“No primeiro momento o impacto foi muito grande, que causou aí, sem sombra de dúvidas, uma dor imensa na mãe ao descobrir que não era a mãe biológica do filho que até então ela carrega há 18 dias, que foi na data de ontem. Em relação ao transtorno, é lógico que desde a primeira desconfiança o ambiente familiar foi todo alterado”, disse o advogado.
Segundo o delegado André Fernandes, responsável pela investigação, a troca se deu em razão de um equívoco com as pulseiras de identificação dos bebês.
“Agora a investigação prossegue no sentido de verificar quem se equivocou no momento de fazer a identificação entre os pais e os bebês”, afirmou.
Ainda de acordo com o delegado, o resultado do exame de DNA vale como prova, mas será necessária a realização de outros exames para confirmar as respectivas paternidades.
Agora, os pais dos dois bebês que podem ser os filhos trocados uns dos outros, aguardam os próximos passos na expectativa de encontrarem os filhos biológicos.
“A gente tá agora esperando encontrar nosso filho, porque o que a gente tá, é filho assim, do coração, que a gente já criou com afeto, com amor. Mas o filho verdadeiro, de sangue, a gente não sabe. O sentimento é uma coisa, assim, horrorosa. De saber que o bebê que a gente já criou afeto, intimidade com ele, o amor, a gente vai ter que devolver, né?”, disse o pai de um dos bebês.
O outro casal que esteve na delegacia neste sábado também acredita que houve uma troca entre os dois bebês. Segundo o homem, eles não procuraram a delegacia nem o hospital até então porque estavam constrangidos por desconfiar que o bebê pudesse não ser filho deles.
"É muito difícil, né? Agora eu tenho dois filhos", comentou emocionado.
"O Hospital Estadual de Urgências de Trindade Walda Ferreira dos Santos (Hutrin) esclarece de forma preliminar o seguinte:
- A direção do hospital tão logo foi notificada da suspeita de troca de bebês instaurou uma comissão sindicante para apurar o caso e afastou as pessoas que estavam de serviço no berçário nos dias dos nascimentos e alta de mães e crianças;
- Instaurou um processo ético-disciplinar para apurar responsabilidades no ocorrido;
- Manteve contato com a mãe e com o pai do bebê afim de elucidar o fato em todas as suas possibilidades;
- Notificou a mãe e o pai sobre a realização de exames de DNA para comprovar a paternidade e maternidade sobre a criança e estabeleceu como parâmetro a realização de outros exames visando contraprova do fato;
- Está realizando um completo levantamento de todos os nascimentos na data para eliminar todas as dúvidas;
- Está selecionando todas as imagens de circuito interno de TV para instruir a investigação e documentar as saídas de pais, acompanhantes e crianças nascidas nesse período;
- O instituto Cem, organização social gestora do Hutrin e a direção do hospital estão acompanhando com integral cuidado e respeito aos princípios éticos e de responsabilidade para com a saúde humanizada e tratamento aos pacientes atendidos na unidade".