“Nós temos que ser unidos”, conta Cléia, moradora de rua há mais de 20 anos que ajudou um homem cego a chegar até um ponto de ônibus na Praça Luis de Albuquerque, Cuiabá. O gesto viralizou nas redes sociais por conta de um vídeo gravado pelo jornalista Luiz Vieira na quinta-feira (1).
Cléia conta que sempre ajuda as pessoas. “Não só ele, tem uma mulher e outros. (...) Nós temos que ser unidos. Não é só pedir, não é só querer e não ajudar o próximo. Tem que ajudar sempre o próximo e Deus vê”, explica ao Olhar Direto.
Com 38 anos, Cleia morava antes no bairro Dom Aquino e tem duas filhas, uma de 17 e 16 anos, que ficam sob os cuidados de uma tia. Às vezes, as filhas entram em contato com ela. Já quanto sua jornada até às ruas, ela explica que “[aconteceu] muita coisa. Perdi uma irmã, perdi uma avó. Eu tinha [também] um irmão. Muita coisa aconteceu e recaí”.
Apesar de esbanjar simpatia, Cléia enfrenta problemas comuns no convívio de moradores de rua. Em meio a entrevista, sem dar explicações, ela se levantou e pegou uma faca, colocando por debaixo da roupa. O objeto era para sua defesa já que não demorou muito para que outra moradora de rua aparecesse, procurando por briga.
Questionada sobre o que havia acontecido e as motivações da agressão, Cléia conta que “cada dia tem um”. “Toda dia. Ontem mesmo ela pegou uma pedra desse tamanho. Essa menina é louca. Sempre quando bebe fica louca”, desabafa.
Repercussão positiva
Devido a publicação do vídeo, algumas pessoas passaram a ajudá-la. No dia da entrevista, realizada nesta sexta-feira (2), durante a manhã uma mulher do bairro CPA, que se solidarizou com sua história, foi até a praça buscá-la, para dar um dia de beleza. Cléia, aliás, exibia com orgulho suas unhas pintadas de vermelho. Cleia conta que a mulher a levou para um salão, deu almoço e roupas.
O vídeo foi publicado pelo jornalista Luiz Vieira na quinta-feira no Instagram. Conforme conta na publicação, ele flagrou o momento enquanto estava trabalhando. "Enquanto muitos têm de sobra e não pensam em nada além de si mesmos. A rua é pesada, amigo! Cada dia vivido é incerto", declara.