A juíza Ana Cristina Mendes, da Sétima Vara Criminal de Cuiabá, recebeu processo e tornou réus o diretor da Penitenciária Central do Estado (PCE), Revétrio Francisco da Costa e mais seis pessoas acusadas na Operação Assepsia, que apurou facilitações para entrada de aparelhos celulares na cadeia. Os envolvidos seguem presos preventivamente.
A decisão, do dia 31 de julho, viu indícios suficientes para processamento da denúncia. Além de Revétrio, foram acusado Paulo Cesar dos Santos, vulgo “Petróleo” e Luciano Mariano da Silva, conhecido como “Marreta”, ambos pertencentes ao Comando Vermelho; o vice-diretor da PCE, Reginaldo Alves dos Santos e os militares Cleber de Souza Ferreira, Ricardo de Souza Carvalhaes de Oliveira e Denizel Moreira dos Santos Júnior.
Os sete denunciados respondem por integrar, financiar e promover organização criminosa e também por introdução de celulares em presídios; cinco deles pelo crime de corrupção ativa; e dois por corrupção passiva.
Conforme consta na denúncia, no dia 6 de junho, por volta das 13h, os portões da PCE se abriram e uma camionete modelo Ford Ranger ingressou na unidade levando sobre a carroceria um freezer branco “recheado” de celulares.
Os ocupantes dos veículos não foram identificados por determinação dos diretores. O equipamento que deveria ser colocado na sala do diretor, acabou sendo disponibilizado em um corredor.
No mesmo dia, os três policiais militares denunciados também estiveram na penitenciária à paisana com um veículo Gol, um deles com duas sacolas cheias de objetos não identificados nas mãos.
“Os três policiais entraram na sala de Revetrio, e em seguida Revetrio ordenou que trouxessem para aquela sala o preso Paulo Cesar e ficaram ali, em reunião bastante informal, por mais de uma hora com o aludido preso. Estavam tratando do que? O freezer recheado de celulares era destinado a Paulo Cesar”, diz a denúncia.
Em depoimentos, um dos líderes do Comando Vermelho revelou que durante a reunião eles falaram o tempo todo sobre a entrada do freezer com os aparelhos celulares. Na ocasião, Reginaldo teria alertado para que retirasse todos os aparelhos durante a noite, e utilizasse a cola, que estava junto com os celulares, para fechá-lo novamente.
Também foi relatado que no interior da sala havia sido combinado o pagamento de parte dos lucros obtidos com a comercialização dos celulares dentro do presídio (promessa de recompensa).
O esquema, conforme o Gaeco, foi descoberto após a troca do pessoal da guarda. Sem saber que o freezer seria levado diretamente para a sala do diretor, a agente ordenou que passasse pelo scanner, quando foram encontrados 86 aparelhos celulares, carregadores, baterias, fones de ouvido, todos escondidos sob o forro da porta do freezer, envoltos em papel alumínio para fins de neutralizar a visão do scanner.
De acordo com a denúncia, no momento do desmonte do freezer, os policiais do GCCO promoveram a apreensão de todos os equipamentos encontrados e das imagens de câmeras internas. Também foi realizada a oitiva de todos os envolvidos. Com as diligências policiais, descobriu-se que a camionete que trouxe o freezer pertencia a Luciano Mariano da Silva, o Marreta, e estava sendo utilizado por amigos de facção.