Mato Grosso atingiu o nível mais crítico das queimadas este ano. De janeiro até hoje, o número de focos é 80% maior do que o mesmo período do ano passado, segundo o Corpo de Bombeiros e a ONG Instituto Cento de Vida.
A suspensão de repasses de dinheiro da Alemanha e depois da Noruega para o Fundo Amazônia pode prejudicar vários projetos que incentivam a agricultura sustentável e o combate a incêndios.
A situação de Mato Grosso é de alerta ambiental. Em Cuiabá não chove há 100 dias. O clima seco e quente não tem data para terminar e esse cenário favorece o aumento de queimadas. O Corpo de Bombeiros diz que precisa de mais apoio e vê com preocupação o bloqueio do Fundo Amazônia, que até esse ano investiu R$ 12 milhões só em estrutura pra combate ao fogo no estado.
Para os bombeiros, o Fundo Amazônia surgiu como uma parceria na compra de equipamentos e veículos. Além da montagem de todo o batalhão de emergências ambientais, dois aviões já foram comprados com o dinheiro e mais um estava previsto para ser adquirido nos próximos meses, além de mais carros pra deslocamento de pessoal e equipamentos de resgate e combate ao fogo. O estado pode ter perdido R$ 35 milhões com o bloqueio do fundo, o que triplicaria as ações.
Na última semana o estado registrou cerca de 3 mil focos de calor, que indicam queimadas. De janeiro até agora, são quase 13 mil focos. É o maior número em 7 anos. No norte do estado, são tantos chamados que os bombeiros precisam escolher quais as ocorrências mais graves para atuar.
"Além do atendimento de resgate pré-hospitalar, nós temos que fazer esse combate. Nós contamos com dois brigadistas contratados pelo município. Mesmo assim, os focos estão em setores totalmente opostos, o quie acaba fazendo com que nosso braço não alcance todas as ocorrências que nos são solicitadas durante o dia", disse o capitão Heraldo Moura, comandante adjunto do Corpo de Bombeiros de Sorriso, a 428 km de Cuiabá.
A diretora do Instituto Centro da Vida, Ana Paula Valdiones, que tem projetos de cultivo sustentável na região da amazônia financiados pelo fundo, explica que o bloqueio do dinheiro vai atingir de imediato o próprio governo federal.
“Quase 60% do recurso alocado pelo fundo está alocado em projetos de órgãos federais, estaduais e municipais. Então, o impacto da desestruturação do Fundo Amazônia é muito preocupante para a realização da implementação de políticas públicas e iniciativas de práticas sustentáveis na região como um todo”, diz.
O coronel do Corpo de Bombeiros Paulo André da Silva Barroso, representante do Comitê Nacional de Gestão de Incêndios florestais afirma que se o Brasil não tiver mais o dinheiro do Fundo Amazônia, precisa encontrar uma outra alternativa.
“Se o estado brasileiro deseja defender o meio ambiente contra incêndios florestais, há que se criar alguma maneira de se captar esse recurso, algum fundo”.