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'Sempre desconfiamos', diz filho sobre pai que matou a mãe dele há 37 anos em SC

Seis irmãos investigaram crime por conta própria e procuraram a polícia em MT. Durante todos esses anos ele dizia aos filhos que a mulher tinha sido assassinada em um assalto.

Data: Quinta-feira, 22/08/2019 13:31
Fonte: G1 MT

Os filhos que denunciaram o pai deles por ter assassinado a mãe deles no interior de Quilombo, Santa Catarina, há 37 anos, disseram que 'sempre desconfiaram' dele. Os seis irmãos procuraram a delegacia da Polícia Civil em Lucas do Rio Verde, a 360 km de Cuiabá, na terça-feira (20) para registrar um boletim de ocorrência depois que investigaram por conta própria o assassinato.

Os irmãos descobriram, através de depoimentos, que o pai, atualmente com 78 anos, matou a mãe deles depois que ela pediu divórcio ao descobrir que o marido tinha um caso com a empregada da família.

De acordo com a família, Pierina Carroro foi morta no dia 25 de janeiro de 1982. O marido, que se casou com a mulher que era empregada do casal, supostamente sua amante na época do crime, mora em Lucas do Rio Verde. Durante todos esses anos ele dizia aos filhos que a mulher tinha sido assassinada em um assalto.

Segundo a Polícia Civil, o idoso deve permanecer em liberdade já que o crime prescreveu. O boletim de ocorrência registrado em Lucas do Rio Verde será encaminhado para a Polícia Civil de Santa Catarina, que vai decidir se vai abrir uma investigação sobre o caso.

Os irmãos falaram com a imprensa depois que entregaram um 'dossiê' ao delegado Daniel Nery e prestaram depoimento por mais de três horas. O delegado descartou, inicialmente, chamar o idoso para dar esclarecimentos em Mato Grosso. Ainda não há nenhum inquérito aberto sobre o caso no estado.

 

“A gente sempre desconfiava que não era [verdade] o que ele contava. Depois de muitos anos, reunimos os seis irmãos e decidimos por nossa conta fazer um relato dos fatos. Nossa mãe foi assassinada, foi um crime passional e viemos denunciar um homicídio”, disse um dos filhos na delegacia.

 

Depois que os filhos descobriram o crime, o pai confessou e detalhou o assassinato à família. Os irmãos disseram que sempre ouviram rumores de pessoas próximas da família. Os moradores, naquela época, diziam que o marido havia matado a mulher.

 

“Só queríamos o esclarecimento dos fatos, só a verdade. Já estamos abalados desde aquela data [a morte da mãe]. Nos sentimos aliviados por saber a verdade. Não esperamos nada [dele], nem justiça”, finalizou o filho.

 

 

O crime

 

Pierina teve sete filhos, dos quais seis estão vivos. Na época do assassinato eles tinham entre 7 a 19 anos.

Os filhos nunca aceitaram a versão do pai e começaram uma investigação nos últimos meses. Eles entrevistaram autoridades policiais que investigaram o caso na época, enfermeiras e outras testemunhas.

Depois de três meses de investigação os irmãos descobriram que o pai teve um caso, por mais de dois anos, com a empregada da família.

Pierina descobriu a traição e pediu a separação. O marido a chantageou e a mulher contou sobre a traição para os irmãos e a amigas.

O marido, então, planejou uma viagem sozinho com a mulher até a cidade de São Carlos (SC). O casal saiu de madrugada de casa e ele levou um revólver.

No trajeto até o suposto destino, o marido simulou que o pneu do carro havia furado. Ele parou o carro, pegou uma pedra a acertou a cabeça da mulher. Ele ainda arrastou o corpo da vítima até uma sarjeta, atirou no peito dela e a abandonou no local.

O marido, para sustentar a versão, jogou uma pedra no para-brisa e, desde então, sempre contava que a mulher havia sido assassinada em um assalto nessa viagem.

No sábado (18) os seis irmãos se reuniram em Lucas do Rio Verde e indagaram o pai sobre o crime. Na frente dos filhos, ele confessou e detalhou o crime.

 

“Ele confessou três vezes sem derramar uma lágrima. Ficamos aliviados, só queríamos a verdade e esclarecer o que aconteceu. Não tem justiça [que pague]”, finalizou a família.

 

O idoso justificou aos filhos que, naquela época, a descoberta da traição e, consequentemente a separação, não seriam aceitas pela sociedade.