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Designer gráfico de MT reconstrói rosto de múmia egípcia a partir de crânio

Cícero Moraes reconstruiu em Sinop o crânio de Iret-Neferet, que viveu há mais de 2 mil anos. Essa é uma das duas múmias egípcias restantes no Brasil, depois do incêndio do Museu Nacional no RJ.

Data: Quinta-feira, 29/08/2019 09:31
Fonte: G1 MT

O designer gráfico Cícero André da Costa Moraes, que é de Sinop, a 503 km de Cuiabá, fez a reconstrução facial de um crânio de uma múmia egípcia. Cícero André da Costa Moraes é formado em marketing e vai usar tecnologia 3D para reconstruir o crânio de Iret-Neferet, uma das duas únicas múmias egípcias que restaram no Brasil, depois do incêndio que destruiu quase todo o acervo do Museu Nacional no Rio de Janeiro.

Cícero Moraes contou ao G1 que recebeu a demanda de pesquisadores da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS). A instituição tinha uma cabeça de múmia e ainda não tinha feito um estudo com o material. A partir de análises por meio de datação de carbono, descobriram o período de vivência, a idade, o sexo e outras informações da múmia.

Após resgatarem as informações pelos exames, o especialista enviou a tomografia do crânio para o designer, para que ele construísse o crânio da múmia. A partir das informações obtidas do crânio o designer faria a reconstrução facial da múmia. A técnica utilizada seria a reconstrução facial forense.

Os restos mortais Iret-Neferet é uma das duas únicas múmias egípcias catalogadas no país. Ela foi identificada e datada no início deste ano. A catalogação foi por uma equipe de pesquisadores da PUC-RS, o especialista em relíquias e artefatos históricos Edson Huttner e o especialista em múmias Moacir Elias Santos.

Os pesquisadores definiram marcadores para indicar a espessura de tecido mole do rosto, passando então para a reconstituição dos músculos e, finalmente, realizou a projeção do nariz, olhos e orelhas. Todo o trabalho foi feito com base na literatura técnica da área forense.

“Assim que as projeções são feitas, é iniciado o processo de escultura digital. Para finalizar, o rosto é então pigmentado, os cabelos inseridos e a indumentária modelada utilizando como referência os dados fornecidos pelo arqueólogo”, explicou Cícero.

O designer explica ainda que os ossos são utilizados como referencial para a construção das demais camadas de tecido mole, consumidos pelo tempo. As informações antropológicas norteiam a modelagem desses tecidos, bem como a idade do indivíduo e sua ancestralidade. O resultado final é uma aproximação quase exata da face que a múmia – ou qualquer crânio reconstruído – tinha em vida.

Este trabalho de reconstrução facial por meio de tecnologia 3D ganhou destaque sendo publicado um artigo na Revista Galileu. A revista é reconhecida pela comunidade científica e a circulação nacional.

Ele contou que já fez a reconstrução facial de outras múmias pelo mundo. Já trabalhou com mais de 60 figuras humanas e religiosas. No dia 14 de setembro será apresentada em Modena na Itália a reconstrução de uma múmia criança realizada pelo designer.

Cícero Moraes é catarinense e mora em Mato Grosso desde 1987. Em 2016 recebeu um título de cidadão mato-grossense, oferecido pela Assembleia Legislativa (ALMT). Ele é conhecido mundialmente por seu trabalho recriando faces em 3D a partir de restos mortais. No portfólio do profissional contém uma série de santos católicos reconstruídos, como Santo Antônio.

 

A múmia

 

Na reconstrução de Iret-Neferet foi realizada uma análise feita pelo método de radiocarbono conhecido como Carbono 14 e revelou que era uma mulher entre 42 e 43 anos de idade. Ela viveu entre 768 antes de Cristo e 476 a.C, ou seja, entre 2.495 e 2.787 anos atrás. O cadáver chegou ao Brasil na década de 1950 e está no acervo do museu de Cerro Largo, cidade gaúcha com população estimada em 14 mil habitantes.