O plantão judiciário do Rio de Janeiro autorizou a exumação do corpo de Marcos Vinícius Gouvea Gomes, de 33 anos, encontrado morto na quinta-feira (29), em uma cela da 32ª DP (Taquara), na Zona Oeste do Rio. Marcos Vinícius foi enterrado no último domingo (01) e a família fez o pedido pela exumação por não acreditar na hipótese de suicídio.
Inicialmente, o pedido de exumação havia sido negado pelo Ministério Público, mas, na madrugada desta quarta-feira (04), o desembargador Siro Darlan reviu a decisão.
"Os documentos trazidos na Inicial demonstram que as circunstâncias da morte de Marcos Vinícius Gouvea Gomes são no mínimo nebulosas. Trata-se de morte violenta ocorrida no interior de unidade de Polícia Civil do Estado e a declaração de óbito se limita a descrever asfixia mecânica, sendo estarrecedor a notícia que havia outra pessoa na mesma cela e que não ouviu nada do que ocorreu. É dever do Estado zelar pelos seus acautelados e no caso em espécie e dever esclarecer as circunstâncias da morte", disse ele em sua decisão.
Marcos, que era dependente químico, foi preso pelos crimes de conduzir um veículo automotor embriagado ou sob efeito de drogas; fuga de local de acidente; e estelionato (por não ter pagado pelo combustível).
Segundo a versão da Polícia Civil, ele se matou enforcado com a própria camisa, presa na janela da cela onde estava detido, dentro da 32ª DP. No mesmo local, junto com Marcos, havia um outro detento, que dormia no momento em que o corpo foi encontrado por um dos agentes de plantão e não ouviu ou viu nada.
"Meu irmão tinha 1,80 metro e 90 kg. Como que ele se pendurou na camisa dele? Ele fez isso sozinho? A gente não tá contestando que ele era dependente e que houve alguma confusão antes da delegacia. O que a gente questiona é o tratamento que foi dado, o que aconteceu de fato na delegacia, porque meu irmão entrou vivo, alterado, e saiu morto”, disse Jorge Gomes, de 36 anos, irmão de Marcos Vinícius.