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'Bolsonaro falou que não sou liderança; ele que não é liderança e tem que sair', diz cacique Raoni

Conhecido por defender direitos dos povos indígenas, Raoni foi chamado pelo presidente de "peça de manobra" usada por estrangeiros para "avançar seus interesses na Amazônia".

Data: Quarta-feira, 25/09/2019 15:25
Fonte: G1 MT

O cacique Raoni Metuktire afirmou nesta quarta-feira (24) que o presidente Jair Bolsonaro "não é uma liderança" e "tem que sair" do governo (veja no vídeo abaixo). A fala do cacique acontece um dia após ter sido citado em discurso do presidente na assembleia geral da Organização das Nações Unidas (ONU).

"O Bolsonaro falou que não sou uma liderança. Ele que não é liderança e tem que sair", afirmou o líder indígena.

Conhecido internacionalmente pela defesa dos direitos dos povos indígenas, ele foi chamado por Bolsonaro de "peça de manobra" usada por governos estrangeiros para "avançar seus interesses na Amazônia".

Em seu discurso, Bolsonaro não disse a quais governos se referia, mas recentemente Raoni se encontrou com o presidente da França, Emmanuel Macron, em busca de apoio para a defesa da Amazônia.

No giro europeu que fez na ocasião, o cacique também esteve com o papa Francisco e passou pelo Festival de Cannes.

Raoni foi ao Congresso Nacional participar de uma reunião do Fórum em Defesa da Amazônia, promovida por partidos de oposição ao governo Bolsonaro.

 

Renome internacional

 

Ainda em seu discurso na ONU, o presidente brasileiro afirmou que "a visão de um líder indígena não representa a de todos os índios brasileiros".

Aos 89 anos, o cacique do povo caiapó é, há décadas, considerado um dos líderes indígenas de maior renome mundial.

Cerca de duas semanas atrás, a Fundação Darcy Ribeiro propôs a candidatura de Raoni ao Prêmio Nobel da Paz de 2020 por sua luta pelos povos e pela preservação da Amazônia.

Segundo Bolsonaro, pessoas dentro e fora do Brasil, com apoio de organizações não-governamentais, "teimam em tratar e em manter" os índios brasileiros "como verdadeiros homens das cavernas".

O presidente ainda defendeu uma "nova política indigenista" no país a fim de buscar "autonomia econômica" dos indígenas.