As notícias sobre as manchas de óleo na areia não afastaram os banhistas. Nas praias de Santa Rita e Genipabu, no Rio Grande do Norte, famílias caminhavam e banhavam-se no mar mesmo com o aspecto escuro da areia e pequenas manchas de óleo em determinados pontos. O mesmo acontecia em Maragogi, litoral norte de Alagoas, onde banhistas também se depararam com manchas na areia com aspecto de piche.
Empresários do ramo do turismo do Nordeste classificam as manchas de óleo como pontuais e afirmam que não há impacto na atração de visitantes para a região.
"O óleo apareceu em algumas praias, mas logo houve um mutirão para limpeza das áreas atingidas. A situação foi contornada rapidamente", afirma José Odécio, presidente da ABIH (Associação Brasileira da Indústria de Hotéis) no Rio Grande do Norte.
Em Sergipe, onde nesta semana chegaram à costa dois barris com uma substância que se assemelha a petróleo, a situação também foi contornada, segundo o secretário de Turismo, Sales Neto: "Até agora, não temos nada grave que venha inviabilizar a presença dos banhistas nas nossas praias".
Dermatologistas afirmam, porém, que o contato de banhistas e pescadores com o óleo pode causar irritações na pele e alergias.
De acordo com Alessandra Romiti, coordenadora do Departamento de Cosmiatria da Sociedade Brasileira de Dermatologia, deve-se tomar cuidado com os olhos, boca e nariz. Em caso de contato com o material, ela orienta procurar um dermatologista para o tratamento, que varia do uso de pomadas e sabonetes específicos à prescrição de remédios de ingestão oral.
Além disso, o Ibama, em nota, acrescenta que o petróleo cru "pode conter compostos considerados cancerígenos".
Desde o dia 2 de setembro, praias do litoral do Nordeste brasileiro registraram manchas de óleo nas praias e também em animais. Até o momento pelo menos 105 locais de 46 municípios em oito estados foram afetados. Em quatro estados, foram encontradas mortas seis tartarugas marinhas e uma ave. Outras duas tartarugas foram resgatadas com vida.
O óleo, segundo análise molecular feita pela Petrobras a pedido do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), sugere que o material encontrado no Nordeste é petróleo e que sua origem não é brasileira.
Uma das hipóteses analisadas por pesquisadores do CPRH (Agência Estadual de Meio Ambiente) e da UEPE (Universidade Estadual de Pernambuco), que estão apurando o caso em conjunto, é que um navio tenha descartado o material de forma irregular.
Os pesquisadores estão analisando, além do material recolhido, uma imagem de satélite que registrou no início de setembro um suposto navio na costa pernambucana. Isso porque, segundo o grupo, a imagem mostra um ponto em alto mar com uma mancha ao lado.
Eduardo Elvino, diretor de controle de fontes poluidoras da CPRH (Agência Pernambucana de Meio Ambiente) que estuda o problema desde o início em parceria com a UFPE e UFRPE, diz que as imagens são distorcidas e, por isso, a análise é bastante dificultada, o que, na prática, significa que não dá para afirmar que a imagem registrou a origem do problema.
Elvino informou que não há, até o momento, detalhes sobre a possível embarcação e que, na imagem, aparecem vários navios que serão analisados posteriormente.