Uma pesquisa realizada pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Câmpus Rondonópolis, a 218 km de Cuiabá, com pássaros da espécie Pardal, aponta que os índices de poluição ocasionada pelos carros aumentou na última década. Aproximadamente 240 aves foram analisadas em três pontos extremos da cidade.
De acordo com a professor e pesquisador Fabio Angeoletto, os pardais não costumam voar grandes distâncias, por isso, foi possível avaliar a condição dessas aves em lugares específicos e assim, medir os prejuízos da poluição nesses indivíduos.
O estudo, desenvolvido pelo estudante de pós-graduação em Geografia, Deleon da Silva Leandro, detectou que regiões da cidade que são mais afetadas pela poluição, a partir da coleta de sangue dos pardais.
Os pássaros analisados estavam em pontos extremos. Alguns na zona mais industrializada, próximo à rodovia, consequentemente com maior fluxo de veículos. Outros dois pontos incluem avenidas bastante movimentadas da cidade, porém com menor tráfego de caminhões.
O quarto ponto, chamado ponto central, era na zona rural, onde os índices de poluição são menores. Esse ponto era a base comparativa para os demais.
As aves foram capturadas em uma rede, depois passaram por uma triagem em que foram separadas conforme o estado de saúde. Depois, o sangue foi coletado e os pássaros soltos na natureza novamente.
Com as amostras, foram analisadas algumas moléculas importantes, como hemoglobina e heterófilos, dois glóbulos que, respectivamente, atuam no transporte de oxigênio e nas células de defesa.
Dessa forma, a pesquisa identificou, por exemplo, que os pardais capturados no Bairro Vila Salmén, uma área urbana às margens da rodovia BR-364, tinham em média 24% mais hemoglobina e quase 50% mais heterófilos do que as aves capturadas na zona rural.
O pesquisador explicou que as mudanças fisiológicas são indicadores claros de poluição do ar, porque a hemoglobina também se liga quimicamente ao Dióxido de carbono (CO2), perdendo sua capacidade de transportar oxigênio pelo organismo do pássaro.
Com base nos resultados dos estudos, é possível perceber que os prejuízos não são apenas para as aves, mas para a população em geral. Entretanto, apesar do baixo custo e da simplicidade da metodologia, ela não capaz de substituir as tradicionais estações de monitoramento atmosférico.
"Nada impede que ela seja utilizada como complemento de outras pesquisas", afirma o pesquisador.
O estudo teve a participação do professor Mark Fellowes, da Universidade de Reading, da Inglaterra.