Tempo, comprometimento e dedicação são apenas alguns dos requisitos para aquelas pessoas que decidem fazer algum tipo de trabalho voluntário.   Segundo o levantamento de 2014, feito pelo Instituto Datafolha 11% da população brasileira é voluntário.  E um número quase três vezes maior (28%) já realizou algum tipo de atividade formal não remunerada para ajudar o outro em algum momento. Três jovens compartilharam com o Olhar Direto  as experiências de deixarem suas casas para passar o Natal ao lado de moradores de rua.

 
A tradicional ceia é uma festa em família onde todos se reúnem para fazer a refeição em uma data especial. Com o objetivo de proporcionar algo em família Wibsem Henrique Ribeiro e mais 15 pessoas arrecadaram recursos para proporcionar uma ceia para moradores de rua que vivem nas proximidades da Orla do Porto, em Cuiabá.
 
“Nossa ideia não é e nunca foi de ir montar uma ceia na rua para dar comida pra eles, ainda que isso fosse necessário, nos pensamos além. Pois dar comida e ir embora é muito fácil. Então, fomos lá com a intenção de ser família, levando a ceia que iriamos comer com nossas famílias em casa para ruas, para criar juntamente com eles uma família”, disse Wibsem.
 
Segundo ele, a ceia foi gerada nos corações dos participantes e todos ajudavam como podiam. Os que não podiam com recursos, ajudaram com abraços e palavras de encorajamento.  A primeira ceia na rua aconteceu em 2015 na Praça Alencastro, onde o jovem notou que eram distribuídas marmitas, mas as pessoas acabam indo embora. Wibsen queria proporcionar aos moradores muito mais que comida.

“Ficamos ali com violão e com alguns amigos, e foi chegando um depois outro que foram chamando outros. Logo havia muitos ali conosco cantando. Uns já chorando e nos abraçando eles de forma natural, como uma família faz. A gente não olhava como uma pessoa em situação de rua, mais como irmão, amigo ou alguém da família. Foi quando um homem em lágrimas me chamou e disse: as pessoas acham que agente é porco que só que comida, essa data é a data que a gente mais come, mais não. A gente quer um abraço e se sentir família, assim como vocês estão fazendo hoje, me tocando, abraçando sem reparar minha sujeira”, lembrou o jovem.
 
 A empresária e pintora Luane Brandão também participou do mesmo ato.  Ela é idealizadora de um projeto social chamado ‘Varal dos Sonhos’ que leva a arte para outras pessoas. O projeto consiste em ministrar oficina de pintura em camiseta em comunidades carentes. “Eu levo o material necessários e pergunto o que a criança quer ser quando crescer. A partir da resposta, desenho o contorno dela nesta profissão e a criança pinta a camiseta do jeito que quiser”, explicou.
 
O Varal é uma iniciativa própria da artista, desenvolvida sem incentivos ou ajuda financeiras de outros órgãos. “Eu quis começar este projeto para que as crianças tivessem uma lembrança do que elas queriam antes. Mesmo que elas não sigam a profissão que falaram na época, é uma forma de lembrar que os sonhos não podem morrer”, disse Luane.
 
No entanto, além do ‘Varal’ ela participa de outras ações. 
 
No ano de 2016 ela e grupo saíram para distribuir comidas e celebrar a ceia natalina na Orla do Porto – região onde se concentra moradores de rua e usuários de drogas.
 
“Pra mim abrir mão foi melhor coisa que já fiz. Foi uma experiência mais linda. E pra mim nós estamos aqui na terra pra algo muito além das nossas próprias vontades. Nesse natal que passei na rua em 2016 eu ouvi um morador falar assim: "Se não fosse vocês iríamos passar natal sozinhos". Muitas vezes a gente julga quem está na rua mas não sabemos motivo da pessoa estar ali”, disse a jovem que celebrou o intenso ano em que participou de vários projetos.
 
Fotografa, Emanoele Daiane também resolveu passar a ceia de Natal ao lado de moradores de rua. Durante a noite ela registrou os moradores de rua em momentos de plena felicidade. Em alguns clicks é possível ver os moradores cantando, comendo e celebrando a chegada do Natal.
 
Amor em Ação
 
Neste ano voluntários do grupo “Amor em Ação” também promoveram uma ceia de Natal especial para pessoas em situação de vulnerabilidade na noite do dia 23 de dezembro na Orla do Porto. Além da refeição, forqm doados brinquedos, roupas, chinelos, doces e no dia um papai Noel e outros personagens estarão no local para divertir as crianças. O grupo nasceu no Centro Espírita Paulo de Tarso, que faz parte da Aliança Espírita.