Poucos dias após a morte de Luana Farias de Oliveira, de 20 anos, atingida por estilhaços de garrafa de vidro durante uma briga em um baile funk, na madrugada do dia 3, em Campo Grande, a irmã dela, Jéssica Farias, desabafa.
'Parecia que ela estava se despedindo da gente. Meu pai não mora mais aqui [em Campo Grande]. Fim de semana passado ela chamou ele, ele veio, a gente se divertiu na casa da minha avó paterna. Antes de ir para a festa, a gente se divertiu tanto [em casa]. Ela dançou com meu filho. E depois ela queria se divertir com o marido. Não tem uma semana que ela me convidou no Facebook para colocar in memorian caso acontecesse alguma coisa com ela. Tem um mês que minha mãe começou a pagar pax. Parecia que estava tudo na nossa cara e a gente não via isso. Ela deu tchau pra todo mundo", relembra Jéssica, emocionada.
No dia seguinte, Luana foi trabalhar e passou o dia no serviço. Falou com a mãe por mensagens algumas vezes e quando chegou em casa, o marido, que havia passado a semana fora da cidade trabalhando, já estava lá, assim como outros familiares e amigos. "Ela querendo comemorar, estava muito, muito feliz. Baixou músicas antigas com a irmã, começaram a dançar. Foi um negócio meio diferente. A Luana estava muito alegre, deu muita risada", conta a mãe dela, Maria de Farias Araújo.
De acordo com a mãe de Luana, a filha não costumava ir em baladas, mas naquele dia queria sair para comemorar a promoção no serviço. Fazia planos de comprar moto e casa e "era a alegria da casa". "Era minha menina, minha princesinha".
Luana estava com o marido e amigos em um baile funk que era realizado no centro comunitário do bairro Universitário. Por volta das 2h houve uma briga e a estudante falou para o marido que estava ferida.
"Ele [o suspeito] explodiu a garrafa na cabeça de um cara e a garrafa pegou nela. Só que eu não tinha visto. Estava tudo muito escuro. Aí ela veio com a mão no pescoço falando: amor, meu pescoço está sangrando amor", conta , em lágrimas, o vendedor David Eduardo Pereira Silva, marido de Luana.
David e amigos levaram a jovem para a UPA mais próxima, lá, segundo eles, houve demora no atendimento, os profissionais tentaram reanimá-la, mas ela não resistiu.
David, marido de Luana, se emociona ao lembrar da esposa — Foto: Reprodução/TV Morena
Suspeito
De acordo com a delegada Célia Maria Bezerra, que investigou o caso inicialmente, uma briga causada por ciúme resultou na morte de Luana, que passou pela confusão sem ter ideia do que estava ocorrendo. Um adolescente, de 15 anos, foi identificado e é o principal suspeito.
"O adolescente estava com amigos e uma menina no baile, os dois estavam se beijando. O ex dela viu a cena e não gostou e foi tirar satisfação. Foi nessa hora que começou a confusão. Eles trocaram socos e empurrões. Em um determinado momento, o ex estava indo embora, mas o menor o perseguiu com a garrafa de vodca vazia e desferiu um golpe na cabeça do rapaz. Infelizmente, a Luana passava do lado quando isso ocorreu", disse a delegada.
Como o suspeito é um adolescente, a morte agora será investigada pela Delegacia de Atendimento à Infância e à Juventude (Deaij).