O presidente da Gol Linhas Aéreas, Paulo Kakinoff, desmistificou alguns dos 'macetes' divulgados pela Internet sobre a venda de passagens aéreas, durante o 8º Workshop para a imprensa, realizado na última quarta-feira (06), em São Paulo (SP). O Olhar Direto acompanhou a apresentação, onde o CEO da empresa detalha como funcionam os algoritmos utilizados para definir os preços dos bilhetes.
No total, em sua maioria, o presidente explica que um voo tem 11 tarifas diferentes, desde quando começa a ser vendido, 11 meses antes da decolagem. Sendo assim, o algoritmo trabalha visando a quantidade de ocupação, com o tempo restante para que a viagem seja realizada.
O sistema funciona, explicando de forma mais simples, como venda de ingressos para um show. Na medida em que aquele lote se esgota ou chega ao seu prazo, outro é aberto com um preço maior.
"Não é verdade [que comprar dois ou três meses antes paga mais barato]. Na Gol, sempre, quanto antes comprar, mais barato. A única possibilidade, e isto não acontece no nosso caso, é se houver a mudança de uma aeronave para outra maior. É raríssimo isto acontecer", disse o presidente.
Questionado pelo Olhar Direto, o CEO explica que nas promoções, que acontecem geralmente durante o fim de semana, o sistema funciona da mesma maneira, sendo que, nestes casos, há uma estratégia da empresa por trás, seja por baixa ocupação, um possível acréscimo nas operações ou outro fatos adverso.
Também caiu por terra a questão de que as buscas durante a madrugada mostram voos mais baratos. "Eu adoraria que isto acontecesse, porque saberia a hora certa de vender aos meu clientes", explica o presidente.
O passageiro poderá encontrar voos mais baratos durante a madrugada, mas provavelmente ele fará parte de uma promoção comum da empresa, que faz o chamado 'MadruGol' com tarifas diferenciadas, mas seguindo basicamente as mesmas regras já citadas.
Além disto, o diretor de planejamento de Malha Aérea, Rafael Araújo, pontua que as pessoas que viajam a negócios escolhem voar em ‘horário nobre’, com a possibilidade de chegar aos grandes centros em horário comercial. Isso contribuiu para que estes tipos de voos sejam mais caros. “Temos também um público lazer, que quer voar a preços mais baixos, por isso também temos estes voos que saem na madrugada, que custam menos”.
Em sua explanação, o presidente da Gol pontua ainda sobre o que incide no custo da passagem aérea. Entre vários fatores, o principal deles é o preço do querosene de aviação. A alta do dólar, aliada à crise financeira, também contribuiu para que as tarifas tivessem alta, já que os custos são na moeda estrangeira e o número de pessoas voando diminuiu.
O presidente aproveitou também para negar que a companhia tenha se aproveitado da falência da Avianca para aumentar o preço das passagens. "Nós tivemos que absorver aqueles clientes que já tinham comprado passagens. Dificilmente nós seremos reembolsados por isto. Se comparar os aumentos que tivemos no período, é notório que aumentou em todos lugares, incluindo onde a Avianca não operava".
“Eu tinha disponível 200 mil assentos e mais de um milhão de passageiros com compromissos, precisando viajar. Quando é apresentada esta demanda, o sistema claramente aumenta o valor das passagens. Se não existisse estas 11 tarifas de diferenciação de preço, ninguém encontraria voo faltando pouco tempo para a decolagem e voo não se pagaria”, exemplifica Paulo Kakinoff.
Apesar de ser uma empresa low cost (baixo custo), o presidente destaca que a companhia oferece benefícios que as principais do mundo cobram. "Nós servimos snacks, bebidas não alcoólicas, temos o sistema de TV Ao Vivo, que funciona no próprio celular ou tablet do passageiro. Se você pega uma empresa como a Ryanair, as poltronas deles têm um espaço menor que o nosso e que não reclinam. Além disto, para quem quiser um conforto maior, temos o espaço Gol+ Conforto. São as cinco primeiras fileiras, de ambos os lados, que o cliente pode pagar um pouco mais para ter maior espaço e o assento que reclina mais que os outros. Não tem low cost com isto".
“Escolhemos colocar a TV nos celulares, tablets e outros, porque é algo que todos já iriam carregar consigo na aeronave. O sistema de entretenimento (monitores) adiciona 300 quilos no avião, o que equivale a quatro passageiros adicionais em todos os voos, o que daria um consumo maior de combustível. Outra questão é a manutenção, onde temos o custo muito pequeno”, disse o presidente.
Na prática, a questçao das tarifas aponta que o passageiro que viaja a negócios, praticamente subsidia os preços mais baixos para os que tendem a voar a lazer. "Se eu retirasse estes espaços Premium e não tivesse um sistema de tarifas como este, teria que diluir os custos que temos para todos, ocasionando tarifas mais altas. Se não, teríamos apenas prejuízos e iríamos à falência".
Entre outros pontos, o presidente destacou a frota da companhia, que conta com os Boeings 737. Isso possibilita que os custos sejam menores, seja com manutenção ou tripulação, que precisa ser treinada para operar cada tipo de aeronave.
Isso otimiza o trabalho e proporciona um melhor manejo de pessoal. Cada Boeing tem um custo mensal, aproximado, de U$$ 1 milhão para a companhia.