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Curso de Enfermagem é parceiro em Intercâmbio Cultural realizado por escola urbana e escola indígena

Os alunos acreditavam que as pessoas indígenas eram seres folclóricos, exóticos e por vezes chegavam a revelar sinais de preconceito durante as aulas.

Data: Segunda-feira, 11/11/2019 09:09
Fonte: Assessoria AJES

A Escola Estadual Ana Neri, localizada no município de Juína – MT vem realizando significantes atividades no que tange à aplicabilidade das Leis 10.639/03 e 11.645/08, que estabelecem a obrigatoriedade da inclusão da temática: “História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena” no currículo oficial da educação básica. A escola há alguns anos têm se empenhado em trabalhar com questões voltadas a esta temática, porém nos últimos anos algumas inovações foram feitas, entre elas, incluiu no calendário, aulas de campo em uma escola indígena localizada na Aldeia Barranco Vermelho, município de Brasnorte-MT, a 95 quilômetros de Juína-MT. Construída na margem esquerda do Rio Juruena, a Escola Myhyinymykyta Skiripi oferece Ensino Fundamental e Médio para crianças e jovens da etnia Rikbaktsa.

A diretora da Escola Ana Neri, Sirley Tesch afirma que “Todos os anos procuramos inovar, para que o tema não caia na rotina, porém em 2018 e 2019 resolvemos ir além e levar os alunos do 9º ano para uma visita na Escola Indígena Myhyinymykyta Skiripi.”

De acordo com a coordenadora pedagógica Raquel Bernardi “A professora Vanilda, logo que chegou a nossa escola, observou que os estudantes tinham uma visão distorcida sobre os povos indígenas, apesar de vivermos muito próximos. A partir deste diagnóstico, ela nos fez a proposta e desde o ano passado foi organizado um intercambio cultural.”

De acordo com a professora Vanilda dos Reis, que possui graduação em Letras e mestrado em Literatura com foco na Literatura Indígena, os alunos acreditavam que as pessoas indígenas eram seres folclóricos, exóticos e por vezes chegavam a revelar sinais de preconceito durante as aulas. “Esses estereótipos, mesmo após tantos estudos e esclarecimentos, ainda insistem em avultar na nossa sociedade e foi fator preponderante para que lançasse a proposta de intercâmbio para meus colegas, professores de área, e após respostas positivas encaminhamos a proposta à coordenação e direção da escola Ana Neri, que aceitaram. Esta experiência dura apenas um dia, mas os resultados dela serão para uma vida toda, pelo que vi e ouvi de nossos alunos.”

O intercâmbio foi marcado pela troca de culturas e saberes tanto para professores quanto para os alunos e para as acadêmicas de Enfermagem da AJES (Rozane, Catricia, Lays e Merlice). As atividades desenvolvidas durante o dia foram: roda de conversa, aula de língua Macro-Jê, dança tradicional indígena, pintura corporal indígena, aula arco e flecha, teatro, torta na cara, futebol e finalizou com um banho de rio nas águas tranquilas e límpidas do Juruena.

O aluno da escola Ana Neri, Matheus Simão afirma: “Gostei de todas as atividades, mas quero dar destaque para a roda de conversa que nos oportunizou conhecer alguns aspectos da cultura indígena, sobre religiosidade, funeral, casamento, arte, educação e consciência ecológica. É impossível mensurar o tamanho do conhecimento adquirido neste intercâmbio.”

Tainara, aluna da escola Myhyinymykyta Skiripi revela: “Encontros como este são muito importantes para nosso povo, pois permite aos alunos brancos conhecer melhor a nossa realidade, que muitas vezes é parecida com a realidade deles, pois desde que passamos a conviver com os colonizadores que chegaram aqui, aprendemos muitas coisas e ensinamos também.”

O cacique Darci deixa claro que apoia este tipo de atividade e pede aos visitantes que não esqueçam o povo Rikbaktsa: “Peço aos alunos que não deixem que essa visita seja mais um passeio entre tantos que eles costumam fazer. Propomos aos professores e alunos brancos que hoje nos visitaram para que formem com o povo Rikbaktsa uma aliança de combate ao preconceito contra os povos indígenas e também de proteção ao rio Juruena que vive ameaçado pelo veneno das grandes lavouras, pelo desmatamento de suas margens e também pelo fantasma das usinas hidrelétricas.”

O coordenador pedagógico Givanildo Bismy concorda com o cacique e completa que “O dia foi bastante produtivo e por isso convidamos a escola para voltar sempre que for possível e em uma próxima oportunidade visitaremos também a escola Ana Neri.”

A acadêmica de Enfermagem Rozane Machado afirma que “Desde o ano passado fomos convidados a participar deste evento e que para nós foi uma experiência muito válida em termos de conhecimento, tanto cultural quanto na nossa área de formação, pois tivemos a oportunidade de observar alguns aspectos relacionados à saúde indígena, embora sabemos que as realidades destes povos vão além do que observamos aqui.”

A equipe pedagógica da AJES agradece a Escola Ana Neri pelo convite e estende ainda os agradecimentos ao cacique Darci e toda a equipe da escola indígena Myhyinymykyta Skiripi e ao povo Rikbaktsa pela calorosa recepção.

 

Obs: As ações desenvolvidas neste intercâmbio de culturas e saberes estão previstas dentro do projeto “A cor da Cultura” de autoria dos professores: Vanilda dos Reis, Raquel Bernardi, Edivanda Maria de Oliveira, Terezinha Brandt e Eder Christian Colarino, em parceria com SMEC, FUNAI/Juína-MT e o Curso de Enfermagem da AJES.