A engenheira foi morta ao ser atingida por um tiro na cabeça dentro de uma caminhonete em Sorriso, a 420 km de Cuiabá, no dia 8 deste mês. Ela morava na cidade de Cornélio Procópio, no Paraná, e estava em Mato Grosso a passeio. O suspeito Jackson Furlan, de 29 anos, está preso.
Na carta escrita por Vítor, ele afirma que Júlia foi a Sorriso para comemorar o aniversário de 31 anos dele.
“Júlia Barbosa de Souza, minha namorada e apelidada carinhosamente por mim de 'Nega Ju', era uma menina/mulher linda, por dentro e por fora, amorosa, grata, alegre, humilde, dedicada e decidida, respeitava a todos e sempre esticava a mão aos mais carentes”, escreveu.
Vitor conta, na carta, que conheceu a engenheira no Paraná. Neste ano, ele foi transferido a trabalho para a cidade de Sorriso. Ao dar a notícia a Júlia, segundo Vitor, ela chorou muito, imaginando que terminariam o namoro.
“Foi totalmente o contrário. Isso só nos aproximou mais e nos fortaleceu. Combinamos de nos vermos a cada 45, 50 dias no máximo e cumpríamos isso à risca. Desta última vez foi passar o meu aniversário e não voltou mais para ver seus familiares, devido a uma pessoa que, no mínimo, posso chamá-la de desequilibrada, ceifou a vida dela com um tiro sem ter NENHUM MOTIVO”, ressalta.
O namorado foi quem socorreu Júlia e a levou até um hospital, próximo ao local onde ocorreu o crime, por volta das 3 horas, na Avenida Natalino Brescansin. “Data, hora e cenas que jamais esquecerei na vida”, afirma.
“Agora o que devo pensar sobre tudo isso? E os planos dela? Nossos planos? Como ficarão?”, questiona o namorado.
Segundo ele, Júlia tinha o sonho de ser nutricionista e planejava se mudar para Sorriso.
“Combinávamos que se ela não arrumasse nada no agronegócio, ela moraria comigo e realizaria o sonho de fazer nutrição. Sempre me puxava a orelha quando queria comer algo que não podia, ela sempre foi muito vaidosa e cuidava muito da saúde. Pergunto de novo, e agora?”, Disse Vitor em trecho da carta.
Para Vitor, a morte de Júlia mudou o rumo da vida dele e de toda a família.
“Cuide de nós ai de cima. Quando nos encontrarmos, espero vê-la linda, amorosa e feliz como sempre. Perdoe todos nós. Fique em paz ao lado de Deus pai todo poderoso, de seu avô paterno e também do seu pai que você tanto amava e comentava comigo. A amo para sempre Júlia, serás sempre uma bela lembrança, és sinônimo de amor e gratidão. Ass: Vitor, seu eterno namorado”, finaliza Vitor.
De acordo com a polícia, no dia do crime, a vítima estava com o namorado na casa de amigos se preparando para voltar ao Paraná. Ela pediu ao namorado um chocolate antes da viagem e os dois foram até uma conveniência para comprar.
Após realizar a compra, o casal seguiu em uma camionete pela Avenida Brescansin. Segundo a polícia, o trânsito na região estava lento.
O suspeito Jackson, também conduzindo uma camionete, se aproximou da traseira do veículo onde estava o casal e começou a buzinar e forçar a ultrapassagem.
O casal foi perseguido pelo motorista por um longo trecho da cidade até que em determinado momento, próximo a um hospital particular localizado na Avenida Brasil, o suspeito sacou uma arma e disparou contra a caminhonete do casal, atingindo Júlia na cabeça.
Após efetuar o disparo, ele fugiu em direção a uma rodovia estadual, a MT-242.
Na manhã do dia 10, o veículo que Jackson conduzia foi localizado pela Polícia Militar em uma região de mata, próximo ao Bairro Rota do Sol.
O veículo com placas de Santa Carmem, a 493 km de Cuiabá, não tem registro de roubo ou furto e está com a documentação em dia. Jackson não tem passagens pela polícia.
O delegado que investiga o caso, André Ribeiro, afirmou que não houve discussão entre a vítima e o suspeito e que Jackson teria ficado com raiva da lentidão no trânsito.
“Eles estavam na Avenida Brescansin, que é uma avenida de trânsito lento, os carros sempre andam devagar. O suspeito estava furioso acelerando a caminhonete querendo ultrapassar o veículo da vítima, mas aquela avenida não permite ultrapassagens”, explicou.
Segundo André, o suspeito ficou com raiva da lentidão na avenida e passou a perseguir a caminhonete.
“Eles tentaram despistar o suspeito e até conseguiram por um período, mas ele voltou a persegui-los incansavelmente. Não teve discussão, o vidro da porta da caminhonete (no lado do passageiro) estava a todo tempo fechado. Não há argumentos que justifique esse crime”, ressaltou.