Depois de 25 anos de caos, as obras de revestimento asfáltico no trecho mais crítico da BR-163/PA foram concluídas. Por décadas, o segmento de 51 quilômetros – entre Novo Progresso e Moraes Almeida, ambas no Pará – foi o pesadelo dos caminhoneiros que transportam a produção de Mato Grosso até o porto de Miritituba. A finalização é vista como um momento histórico para a infraestrutura do Brasil e é, principalmente, comemorada pelos produtores mato-grossenses.
“Recebo esta notícia com bastante entusiasmo. Uma obra que há mais de 25 anos é aguardada. Foram quatro governos que passaram e não concluíram e agora com dez meses foi consolidada e superou as expectativas. Isso mostra que quando se tem vontade e planejamento as coisas acontecem. Para nós é motivo para muita comemoração”, celebra Ilson Redivo, presidente do Sindicato Rural de Sinop.
As obras no trecho iniciaram em maio deste ano e foram executadas em parceria do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) com o Exército brasileiro. Ao todo, foram seis meses de obra realizadas em quatro frentes de trabalho.
“Essa é uma das principais entregas do governo federal para 2019. Assim, cumprindo uma diretriz do presidente da República, Jair Bolsonaro, e do Ministério da Infraestrutura, a obra será entregue até o fim do ano. Tudo para garantir mais segurança para os caminhoneiros e eficiência para o escoamento da safra de grãos da região”, descreve o Dnit, por meio de nota.
O cumprimento da obra dentro do prazo estabelecido chegou a ser questionado devido à intensidade das chuvas. No entanto, um planejamento de execução viabilizou a conclusão dentro do calendário.
“Mesmo com clima desfavorável e incidência do dobro de chuva na região, se comparada à média dos últimos 10 anos, as obras não param. As equipes da Autarquia se esforçam, de domingo a domingo, para concluir a obra”, garante o Dnit.
A entrega do trecho pavimento colocará fim nos conhecidos atoleiros na região. A ausência de asfalto causava prejuízos tanto para os caminhoneiros quanto para os produtores de Mato Grosso.
“A pavimentação da BR-163/PA vai proporcionar o fluxo ininterrupto de caminhões que levam a safra de grãos do Centro-Oeste para os portos de Miritituba, no rio Tapajós. A rodovia federal impulsionará a economia, escoando produtos agrícolas pelo Brasil e incrementando a exportação para outros países”, reforça o departamento.
Com a conclusão do revestimento asfáltico, agora o Dnit segue os trabalhos nas encostas ao longo do trecho da rodovia. Trata-se da etapa de hidrossemeadura, que consiste na aplicação de sementes para criar vegetação de proteção. A medida protege os taludes de erosões.
Escoamento da safra ficará mais barato
O novo revestimento asfáltico da BR-163 entre Novo Progresso e Miritituba, no Pará, reduzirá o custo de escoamento da safra de grãos de Mato Grosso. Nos momentos mais críticos, o preço do frete atingiu R$ 320 por tonelada.
Apesar do preço do frete ser influenciado conforme a demanda, o produtor da região Norte sentia o peso da alta na época do escoamento da safra.
“Tem momento de menor produção que o preço fica mais baixo, como hoje, que está em R$ 160 a tonelada. Mas já tivemos momentos em que uma tonelada tivemos que pagar R$ 320. Então é lógico e evidente que, com a obra concluída, teremos uma redução no preço, que na época de maior pico deve chegar a R$ 250, mas jamais voltará a ser R$ 320”, avalia Ilson Redivo, presidente do Sindicato Rural de Sinop.
A melhoria no preço do frete também é ressaltada por Edeon Vaz, diretor-executivo do Movimento Pró–Logística.“A conclusão da pavimentação da BR-163 é de fundamental importância para o setor produtivo de Mato Grosso. Nós estávamos tendo um prejuízo da ordem de 600 milhões de reais por ano. Agora, com a conclusão dessa pavimentação, os fretes retornarão aos valores que seriam mais indicados. Para você ter uma ideia, o valor do frete deveria ser R$ 165, no máximo, e nós estávamos pagando R$ 240 por tonelada”.
Já para o caminhoneiro, a expectativa é que a estrada pavimentada aumente sua rentabilidade. O cálculo é feito pelo produtor Ilson Redivo, que prevê a possibilidade do dobro de viagens por caminhão.
“O caminhoneiro vai ter mais lucro. Quando o trecho não estava concluído, um caminhão levava dois dias para ir, um para descarregar e dois para voltar. Era possível fazer no máximo três viagens por mês e ele não sabia se iria chegar. Já com ela pavimentada, os caminhoneiros poderão fazer o dobro de viagens por mês”, avalia o produtor.
Além do aumento das viagens, o caminhoneiro também economizará com a manutenção do veículo.
Leilão do novo trecho da BR-163 é previsto para 2020
O processo de privatização de um trecho de 970,2 km da BR-163, entre Sinop (MT) e Itaituba (PA), está em andamento. A fase de audiências públicas, primeira etapa do trâmite, foi concluída no último dia 18. O projeto prevê um investimento de R$ 1,7 bilhão, implantação de três praças de pedágios, melhoria de trafegabilidade e conforto aos caminhoneiros e demais usuários ao longo dos 10 anos de concessão.
A concessão começa em Sinop, ao final do trecho administrado pela Rota do Oeste. O final do lote é no rio Tapajós, localizado no distrito de Miritituba, pertencente ao município de Itaituba.
A previsão é que o trecho de 970,2 km de rodovia tenha três praças de pedágio, com uma tarifa teto de R$ 8,80. Dois deles serão instalados ao longo dos 262,8 km, que passam dentro do estado de Mato Grosso, nos municípios de Itaúba e Guarantã do Norte.
A concessionária vitoriosa deverá realizar obras essenciais no primeiro ano de concessão. Estão inclusas no programa a eliminação de problemas que causem risco ou desconforto aos usuários e a recomposição da sinalização vertical e horizontal.
O leilão do trecho tem previsão para ocorrer no mês de setembro de 2020 e o contrato com a vencedora deve ser assinado em dezembro.