Depois de confessar ter matado o colega de cela, o detento Luciano Mariano da Silva, conhecido como "Marreta", disse que não quer mais a vida do crime e que agora é um "homem de Deus". Ele está preso na Penitenciária Central do Estado (PCE), em Cuiabá. Paulo Cesar dos Santos, conhecido como "Petróleo", foi morto no dia 27 de outubro, por passar informações das ações criminosas de Marreta para o Batalhão de Rondas Ostensivas Tático Móvel (Rotam).
A direção da PCE negou que houve atentado contra Marreta, que estava no isolamento desde a morte de Petróleo. Luciano permaneceu 30 dias no isolamento e fez uma carta de próprio punho solicitando retorno ao raio cinco. Nesta quarta-feira (27), ele voltou ao local e hoje informou ao diretor da unidade que ele não quer mais a vida do crime, e que segundo ele, agora é um "homem de Deus".
Pelo grau de periculosidade, Marreta foi retirado do raio cinco e colocado em uma cela de segurança. De acordo com a Secretaria do Estado e Segurança Pública (Sesp), ainda será avaliado se poderá ir para a ala evangélica. O detento negou qualquer tipo de ameaça à vida dele, inclusive pediu apenas uma bíblia e uma harpa cristã.
Morte de Petróleo
Acompanhado do advogado de defesa, Rafael Winck do Nascimento, Marreta foi ouvido pelo delegado responsável pelo inquérito, Caio Fernando Alvares Albuquerque. Questionado sobre o envolvimento na morte de Petróleo, ele não hesitou. "Quem matou ele foi eu".
Na ocasião, disse que matou o colega de cela pois há um ano e meio Luciano estaria o prejudicando. Como, por exemplo, no transporte de armas e drogas. Petróleo estaria ouvindo a conversa de Marreta com os comparsas que atuavam fora da Penitenciária e repassava informações ao Batalhão de Rondas Ostensivas Tático Móvel (Rotam), que desencadeou em uma operação.
Petróleo foi morto dois dias depois de um interrogatório no Fórum de Cuiabá, por conta da Operação Assepsia, que localizou no dia seis de junho, 86 aparelhos celulares, dezenas de carregadores, chips e fones de ouvido. Todo o material estava acondicionado dentro da porta de um freezer, que foi deixado naquela unidade para ser entregue a um detento.
No dia do depoimento no Fórum, Marreta deteria descoberto a condição de informante de Petróleo, pois a versão de várias pessoas teria exatamente as mesmas informações que ele conversava em cela com seus comparsas. "Eu fiquei sabendo do regaço que ele fez na minha vida", disse.
Já durante retorno à PCE, Marreta questionou o companheiro de cela sobre o motivo que o levou a passar as informações sobre suas ações. Petróleo teria dito: "Depois da visita nos conversa".
A visita aconteceu no sábado, 26 de outubro. Ambos não tiveram uma conversa. Conforme o depoimento, por volta das 21 horas, Petróleo estaria olhando fixamente para Marreta, o que causou um certo desconforto e ele não conseguiu dormir. Por volta das 23 horas, Marreta se certificou que todos os detentos estavam dormindo e resolver matar Petróleo.
Marreta pegou o lençol de sua cama e um vidro de perfume. Após trançar o lençol no banheiro, ele atacou Petróleo pelo pescoço e o imobilizou "para que ele perdesse a força, eu tenho quatro anos de artes marciais", disse à polícia.
Marreta fez com que Petróleo inalasse o perfume para conseguir "apagar" ele. Depois de matá-lo asfixiado, teria levado a vítima para o banheiro e o perdurado, para simular suicídio. Ele também limpou o local para tentar eliminar suas digitais.
Na sequência, foi dormir em sua cama. Já na manhã de domingo, ao acordar por volta das 6h30, ele fingiu surpresa ao ver o corpo pendurado. "Ó o cara aqui se suicidou".
Os agentes penitenciários foram chamados e avistaram o corpo. Marreta e Petróleo dividiam a cela com outros três presos, que não teriam presenciado a situação. Ele também disse ao delegadado que não se considera membro de uma facção criminosa, mas que matou para não ser morto pela vítima.