A pecuária de corte deverá registrar um novo patamar de preços em toda a cadeia produtiva da carne bovina. Nos últimos dias, a arroba do boi gordo registrou recorde com alta de até 40% e o movimento se estendeu até os açougues com impacto para os consumidores finais da carne. A valorização é comum neste período do ano, mas fatores externos e internos deverão segurar os preços mesmo depois da entressafra, embora possam ocorrer oscilações momentâneas.
Desde 2014, os valores da arroba não apresentavam uma elevação significativa e os custos (impostos, combustíveis, mão de obra, manutenção de maquinas e instalações, etc.) foram reajustado bem acima dos 35%, razão pela qual, produtores estavam trabalhando com margens de lucros apertadas e como consequência houve um grande abate de fêmeas nos últimos dois anos. Isso porque, sem lucratividade, o pecuarista/criador é obrigado a vender fêmeas para abate com o objetivo de cobrir o fluxo de caixa, reduzindo os investimentos e a produção de bezerros.
Em janeiro de 2015 a arroba do boi gordo registrava R$ 145, aproximadamente, de acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA-SP). Em outubro de 2018 a arroba estava cotada em R$ 147, uma variação de apenas R$ 2,00 em três anos.
A especialista em pecuária de corte Mariane Crespolini explica que, historicamente, a arroba do boi registra o maior preço no mês de novembro, pico na entressafra, e os menores preços em maio, quando a oferta de boi é a maior ao longo do ano. Este ano, com a elevação das exportações para a China e recuperação da economia nacional, os índices superaram a expectativa ultrapassando a casa dos R$ 230. Em Mato Grosso, o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (IMEA) registrou arroba por R$ 200 nesta semana, valorização de 40% em comparação com outubro e de 20% em relação a semana passada.
O pecuarista e diretor da LFPEC, empresa de confinamento, Francisco Camacho, acredita que mesmo depois deste período de baixa oferta e demanda aquecida, os preços da pecuária não deverão retornar aos valores base de 2018. “Com o mercado externo em crescimento linear e constante e a retomada da economia interna, os preços devem ser fixados em um novo patamar, representando uma nova fase para o setor”.
Para Mariane Crespolini, este é o momento de planejamento. “O pecuarista precisa conhecer seus números, saber seus custos de produção e planejar os investimentos para manter a lucratividade mesmo depois deste período de alta”. De acordo com a especialista, tecnologia e inovação são primordiais para uma pecuária rentável e isso é possível com iniciativas como manejo, recuperação de pastagem, confinamento e gestão dos negócios.
Confinamento em Alta – Com os preços aquecidos, a procura por alternativa que acelere a produção tem aumentado também. Este ano, o número de animais confinados foi 10% maior do que o registrado em 2018, de acordo com dados do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea), se aproximando de 825 mil animais.
Na LFPEC, um dos maiores grupos de confinamento do país, a expectativa é que 80 mil animais sejam confinados em suas três unidades em 2019. O maior volume desde 2012, quando a empresa iniciou a atividade de engorda em escala industrial. Nos últimos sete anos, a LFPEC registrou abate de 500 mil animais próprios ou de parceiros que passam pelo confinamento. Para 2020, a LFPEC trabalha com estimativa de engordar 100 mil animais.