A mãe do médico chinês, que morreu depois de ter alertado para a propagação do coronavírus, exige explicações das autoridades. A mãe de Li Wenliang quer saber o motivo pelo qual tentaram silenciar o seu filho.
De acordo com o South China Morning Post, a mulher, cujo nome não foi revelado, garantiu que o filho foi convidado pelas autoridades a assinar uma espécie de "carta de reprimenda" por, alegadamente, estar a espalhar informações imprecisas sobre o surto, antes mesmo de as autoridades terem completado as investigações.
"Antes de os factos terem sido esclarecidos, ele foi chamado à esquadra de Wuhan no meio da noite", revelou, acrescentando ainda que a família não ficará bem enquanto não tiver "uma explicação".
Recorde-se que, no dia 30 de dezembro, o médico mandou uma mensagem aos amigos num grupo privado do WeChat onde detalhava que havia sete casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS) em tratamento nos hospitais de Wuhan. Depois esclareceu que se tratava de uma forma não identificada de coronavírus.
A mensagem de Li Wenliang começou a ser partilhada e o médico foi repreendido pela polícia local.
Agora, a mãe do médico chinês diz que, se pudesse, ela e o marido apoiariam a decisão do filho de trabalhar na linha da frente para combater o surto do novo coronavírus.
Descrevendo o filho, a mãe explicou que se tratava de um homem gentil e super disponível. "Às vezes ele fazia dois turnos por semana, quando outros fazia apenas um". Já com os pais, Li Wenliang mostrava-se sempre preocupado, perguntando se tinham "bebido chá e tomado os medicamentos".
Aos 34 anos, o médico oftalmologista, contagiado por um doente infetado com o coronavírus, morreu num hospital de Wuhan na sexta-feira.