Com o objetivo de preservar e valorizar a memória do povo indígena, a Secretaria Estadual de Cultura (Secel) anunciou, na quarta-feira (5), a construção da primeira biblioteca indígena do estado. A BiblioÓca será instalada na comunidade de Rikbaktsa, localizada às margens do rio Juruena, na divisa dos municípios de Brasnorte e Juína, a 580 km e 737 km de Cuiabá, respectivamente.
De acordo com o projeto que deve ser desenvolvido pelos indígenas que cursam arquitetura na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), o espaço cultural será construído pelo povo Rikbaktsa, respeitando a arquitetura e o modo de vida local.
A coordenadora do Sistema Estadual de Bibliotecas Públicas de Mato Grosso, Waldineia Almeida, destaca que a BiblioÓca não será um depósito de livros, como existe em outros lugares. Ao contrário, deve oferecer serviços de utilidade pública que contribuam para o fortalecimento da cultura local.
Ela ressalta que a BiblioÓca terá um acervo bilíngue, com obras escritas em línguas indígenas e estará integrada ao modo de vida do povo, com a comunidade produzindo informação e realizando atividades culturais no espaço.
Os títulos devem incluir temas dos povos indígenas do Brasil, política indigenista e questão ambiental em terras indígenas, além de exemplares da literatura brasileira e mato-grossense. Publicações, pesquisas e resultados de projetos sobre os índios Rikbaktsa que estão espalhados nos ambientes acadêmicos e institucionais também devem compor o acervo.
A intenção é que o espaço também seja destinado à geração de renda, com a comercialização dos artesanatos produzidos nas comunidades locais.
A presidente da Associação das Mulheres Indígenas, Marciane Rikbaktsa, diz que o projeto irá impactar positivamente a vida dos indígenas.
“Vai melhorar nossa vida, pois, além de mostrar a nossa cultura, a divulgação e venda dos nossos artesanatos será uma fonte de ajuda para as nossas mulheres”.