A Justiça de Mato Grosso deve começar a ouvir as testemunhas do caso da madrasta acusada de matar a enteada dela envenenada por causa de uma herança, em Cuiabá. Segundo o Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), a primeira audiência do caso, que tramita em segredo de Justiça, está prevista para as 14h desta quinta-feira (27).
A madrasta Jaira Gonçalves de Arruda, de 42 anos, foi indiciada por homicídio qualificado pela morte da menina Mirela Poliane Chue de Oliveira, de 11 anos.
Segundo a Delegacia Especializada de Defesa da Criança e do Adolescente (Deddica), Jaira cometeu o crime para conseguir a herança da vítima, de R$ 800 mil. O G1 não localizou a defesa da ré.
A madrasta que está presa na Penitenciária Feminina Ana Maria do Couto May, em Cuiabá, desde setembro de 2019. De acordo com a polícia, Jaira colocava doses de veneno na comida da menina, que morreu em junho do mesmo ano.
O advogado da família da criança, Luciano Augusto Neves, disse ao G1 que o juiz deve começar a ouvir as testemunhas de acusação, de defesa e, ao final, a madrasta.
A audiência ocorre na Décima Quarta Vara Criminal de Cuiabá com o juiz Jurandir Florêncio de Castilho Júnior.
As investigações apontam que a madrasta queria ficar com uma indenização de R$ 800 mil que Mirela recebeu como indenização por erro médico do hospital em que nasceu. A mãe da menina morreu durante o parto dela.
Jaira envenenou a enteada com uma substância de venda proibida, ministrada gota a gota, entre abril e junho de 2019.
A menina tinha direito a uma indenização pela morte da mãe durante o parto, decorrente de erro médico em um hospital da capital. A ação foi movida pelos avós maternos da criança. Em 2019, após 10 anos, o processo foi encerrado, e o hospital foi condenado a pagar uma indenização de R$ 800 mil à família, já descontando os honorários advocatícios.
Parte do dinheiro ficaria depositada em uma conta para a menina movimentar na idade adulta. A Justiça autorizou que fosse usada uma pequena parte desse fundo para despesas da criança, mas a maior quantia só poderia ser acessada aos 24 anos.
Mirella foi criada pelos avós paternos até 2017. Entretanto, após a morte deles, passou a ser criada pelo pai e pela madrasta. A partir daí, a mulher deu início ao plano de matar a criança para ficar com a indenização, segundo investigadores.
Do final do ano passado até a morte, Mirella foi internada várias vezes. No total, foram nove entradas em um hospital particular de Cuiabá, onde ficava de três a sete dias e, depois, melhorava. Ao retornar para casa, ela voltava a adoecer.
Ela recebia diagnósticos de infecção, pneumonia e até meningite. Na última vez em que foi parar no hospital, a menina já chegou morta.