Indígenas de aldeias localizadas no Parque Nacional do Xingu receberam uma cartilha e orientações médicas para a prevenção do novo coronavírus, entre elas que evitem sair das aldeias. O trabalho é feito por membros do Projeto Xingu.
De acordo com ex-coordenador regional da Funai em Colíder, a 648 km de cuiabá, Patxon Metuktire, neto do cacique Raoni Metuktire, os indígenas foram orientados a não sair de aldeias e somente ir à cidade em caso de necessidade extrema.
A cartilha foi distribuída pelo Projeto Xingu, coordenado pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), e realizado nas etnias do Parque Nacional do Xingu, em São José do Xingu, a 931 km da capital.
O núcleo regional da Fundação Nacional do Índio (Funai), em Mato Grosso, disse que não tem autorização para falar do assunto. O G1 tentou contato com o órgão nacional e não obteve retorno.
Nesta terça-feira (17), representantes e índios do Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei), em Colíder, se reuniram para decidir providências e medidas de prevenção das aldeias indígenas da região.
Na reunião foi decidido que será encaminhada uma nota com recomendações a todas as aldeias do distrito. A Coordenação Administrativa irá mandar ainda está semana, considerando os decretos do governador e prefeitura municipal.
O médico epidemiologista Douglas Rodrigues explicou que a cartilha e as orientações foram necessárias porque não receberam orientação de órgãos. Com o risco da pandemia, o projeto desenvolveu a cartilha e outros materiais informativos.
“Com ameaça de pandemia resolvemos fazer o material para ajudá-los [índios] a se protegerem da doença. Fizemos até materiais de animação e pod casts para eles, já que às aldeias têm acesso à internet e assim podem ter essa comunicação e distribuem informação entre si", disse o médico.
O médico ressaltou que ainda não se tem casos suspeitos ou confirmados oficialmente em índios. Sanitarista há 40 anos, o médico vai às aldeias do Xingu de seis a oito vezes por ano e permanece por períodos três semanas em assistência aos indígenas.
A cartilha e os materiais são totalmente informativos, além de explicar o que é o novo vírus, o material ensina fazer a prevenção para evitar a contaminação pela doença no meio da tribo.
Segundo o médico que atende os índios pelo projeto, foram passadas orientações oficiais das organizações de Saúde. O médico informou que nas aldeias desde de 1965 é feito o trabalho sanitário e constante com os indígenas.
O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, fez uma publicação no Twitter, nesta terça-feira, dizendo que a Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), está monitorando os 34 Distritos Sanitários Especiais Indígenas do país.
No site do Ministério da Saúde diz que a pasta produziu material publicitário com o assunto e que diante da emergência, considerando as recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS), as equipes multidisciplinares de saúde, tanto de área quanto da CASAI, dos Dseis , devem ficar alerta aos casos de pessoas com sintomatologia respiratória e que apresentam histórico de viagens para áreas de transmissão local nos últimos 14 dias.