Meu nome é Adriano * , nascido no dia 18 de fevereiro no ano de 1966. Numa sexta de carnaval. Carnaval que sempre gostei. Até bloco pulei, brinquei, organizei,... Sou da festa. Sou do carnaval.
Desde os meus 14 anos, na ida do primeiro para o segundo grau, decidi por fazer a faculdade de economia (muito a contragosto de meu pai, que era médico oftalmo e otorrino). Quando saí do Colégio Estadual Manoel Ribas, o Maneco, fiz vestibular (e passei!) para Bacharelado em Ciências Sociais e Econômicas na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Aluno mediano dos anos 80. E que anos para a economia nacional!
Ingressei em julho de 1984 e formado em dezembro de 1988. Agraciado com o primeiro prêmio da Câmara do Comércio e Indústria de Santa Maria (CACISM), com o melhor currículo universitário, o que me deu coragem e credencial para ir para Santa Catarina buscar a vida em indústrias da Manchester Joinvillense. Em paralelo a economia, comecei filosofia mas tive que decidir entre trabalhar e casar ou continuar a filosofar.
Sempre me encantei por economia. Micro ou macro. Entender esses movimentos. A responsabilidade sobre as pessoas, empresas, governos... As riquezas que podem gerar. Ou a desgraça que pode impactar. O ministério da fazenda me fascinava. Alguns ministros, em particular. Chamava-os, para mim, de “fazendeiros”.
O primeiro em que me lembro, que mais impactou na minha decisão de fazer Economia, foi Mario Henrique Simonsen. Cara culto. Ficou no ministério da fazenda de 74 a 79. Lembro bem. Lia sempre a última página da Revista Exame, a coluna de Mário Henrique Simonsen. Era a página dele. A última. E era a primeira que eu lia. Acho que foi o período em que a Exame mais faturou. Ele era brilhante. Lições de economia e sociologia. Carioca malandro. Maliciooooso. Tinha um refinado bom gosto. Tocava piano e gostava de whisky. Ele nasceu um dia depois que eu nasci e um ano antes do meu pai nascer. Em 1997 partiu. Cumpriu a parte que lhe cabia nessa jornada. Deixa, para mim e muitos contemporâneos, lições e saudade.
Antes dele tivemos Delfim Netto e li também sobre Roberto Campos, duas biografias fantásticas que conto noutro texto.Mas depois de Simonsen, vimos desfilar outros 21 ministros até o atual Paulo Guedes. Os que mais me lembro: Francisco Dornelles em 85. Logo após Dílson Funaro que ficou até 87. Comeram o pão que o diabo, digo, o dragão da inflação amassou. Bresser sucedeu a Funaro e depois veio o Maílson da Nóbrega, que saiu em 1990. E aí chegou ela: a Zélia. Zélia Maria Cardoso de Mello, a sequestradora de poupança. Ficou um aninho no ministério, mas a eternidade na lembrança de muita gente.
Todos eles, entre outros que não citei nesse intervalo de tempo, brigaram contra o câncer coletivo, chamado inflação. Os que não viveram esse tempo não tem a mínima noção do estrago que fazia. Depois ainda tivemos outros nomes que não esqueço, como Gustavo Krause, Paulo Haddad, Eliseu Resende. Aí chegou um tal de FHC. O Fernando Henrique Cardoso. Mudou a moeda para real e inseriu um divisor de 2.750. Vejam na história para entender. Foi o nosso número da sorte.
Como um passe de mágica, tchau inflação! Uma conquista que lhe rendeu a presidência. Isso não vou citar aqui. Noutro dia, quem sabe... Seguindo na troca de cadeira da fazenda, ou ministério da economia, tivemos depois Rubens Ricúpero, que perdeu o cargo para uma parabólica, e depois, por longos 7 anos, Pedro Malan.
Com o PT nas paradas, veio o Palocci, depois Guido Mantega e que foi sucedido pelo banqueiro Joaquim Levi. Henrique Meirelles ficou até meados de 2018, que deixou a pasta para tentar ser um presidente da república para suceder o vice da Dilma. Fiasco. Fiascos.
Entre esses tivemos outros nomes, mas que, na boa, passaram e não fizeram história para mim, puxando de memória esses 40 anos. Agora é PG na cabeça. Fazendo história. Paulo Guedes é um liberal democrata. Ele está vendendo um Brasil próspero ao final de 2022.
Eu acredito. Mesmo! Torço para que esse fazendeiro tenha sorte para colocar seus princípios econômicos de pé. Creio que seja por aí: livre iniciativa, meritocracia, economia aberta, poderes constituídos. Tem muito trabalho ainda! Que ele também possa inspirar adolescentes a fazerem economia, como aconteceu comigo há 40 anos.
Queremos tudo justo, como deve ser. Para um Brasil mais que perfeito.
* Adriano Dias Souza é economista e criador do FinancIES - Fórum dos Executivos Financeiros para as Instituições de Ensino Privadas do Brasil
Notáveis Fazendeiros - Florianópolis, 11 de abril de 2020