As pessoas que trabalham em escritórios, muito provavelmente serão induzidas a continuar trabalhando em escritórios, mas de casa. A não ser em situações especiais, a maioria das atividades de escritório podem ser feitas remotamente. O que se ganha e o que se perde trabalhando de casa?
Bem, comecemos falando sobre o que se perde. Perdemos o ambiente do dia a dia da empresa, o relacionamento interpessoal, a comunicação mais espontânea e direta. Perdemos também o cafezinho do meio da manhã e do meio da tarde, aquele momento de relaxamento e descontração, embora também seja um momento de falar de trabalho.
Os escritórios são normalmente projetados para formalizar as funções e papéis das pessoas. Isso tem o seu lado bom. É bom cada um ter um sentimento forte de pertença. Isso cria um conforto mental de saber que fazemos partes de grupos e subgrupos e, dessa forma, garantimos a nossa própria identidade, pelo menos no campo profissional.
Ir à empresa todos os dias dá uma sensação de estar empregado, estar inserido na sociedade, estar cumprindo uma missão, mesmo que seja uma missão singela. Pegar trânsito, pegar ônibus, pegar metrô, pegar elevador nos mantém fortes psicologicamente, mesmo que nem nos apercebamos disso. Quando perdemos emprego ou quando saímos de férias passa por nós um pouco (ou muito) dessa sensação.
Bem, mas convém falar dos benefícios de trabalhar em casa, em home office.
Em primeiro lugar, se formos organizados e disciplinados, aproveitamos melhor o nosso tempo e, consequentemente, tornamo-nos pessoas mais produtivas e realizadoras. Para isso, temos que manter uma rotina diária bastante rígida, mas com alguma flexibilidade.
O bom de trabalhar em casa é o foco maior no próprio trabalho. Perdemos menos tempo, pois somos menos interrompidos pelas pessoas que, às vezes, apenas querem nos dar um alô. Se trabalhamos em escritórios amplos, com muita gente, também nos distraímos menos com as conversas e movimentações dos outros.
Muita gente, sobretudo nas cidades grandes, perde muito tempo no trânsito e até mesmo em horários de almoço. Esse tempo vem para a nossa conta de maior produtividade e maior produção de trabalho e resultados.
No dia a dia dos escritórios ocorre de sermos chamados para muitas reuniões que talvez nem precisávamos participar. No home office isso pode acontecer, mas supostamente com menos frequência.
Mas, sobretudo, estando sozinho trabalhando em casa, podemos nos concentrar melhor às tarefas a cumprir e nos mergulharmos com mais força naquilo que tem que ser feito.
No trabalho remoto temos que cuidar para não nos dar certas liberdades que não teríamos no ambiente de trabalho. Dar uma cochilada, assistir um pouco de tv, visitar a geladeira para ver o que tem lá mesmo, etc. Mas, podemos sim, flexibilizar nosso horário, eventualmente começando mais tarde para trabalhar e terminar mais tarde também.
Sempre há o risco de adquirirmos uma (ruim) sensação de que não estamos trabalhando em horários de lazer, quando estamos em regime de home office. Mas isso pode ser superado com uma mentalização clara do que é trabalho e do que é distração ou diversão.
Um alerta a ser dado é manter o celular afastado da nossa mesa, se isso não for fundamental para o nosso trabalho. O celular apita toda a hora e isso nos distrai, mais em casa do que no escritório.
Por fim, para não me alongar demais, precisamos nos conscientizar de que seremos cobrados pela nossa produção e não mais pelas horas trabalhadas. Isso muda a relação de trabalho para muita gente e até a forma como somos liderados pelos nossos chefes.
Aqueles que forem induzidos a trabalhar em casa, mesmo após a pandemia, pelo menos alguns dias da semana, que tenham consciência de que a comunicação com a empresa, com seus colegas, seus clientes e fornecedores (se for o caso) e sobretudo com suas lideranças não pode ser prejudicada. Pelo contrário, com as ferramentas digitais é desejável que até melhore a comunicação, nossa transparência e nossa prestação de contas perante aqueles que pagam a nossa remuneração.
Bom trabalho em casa, agora e, para muitos, depois também!
Autoria Professor Wilson Nakamura