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Famílias sem-terra mantêm ocupação em fazenda que ex-governador de MT entregou à Justiça para deixar a prisão

Imóvel avaliado em R$ 33 milhões foi invadido há quase duas semanas. Manifestantes cobram a criação de um assentamento no local.

Data: Quinta-feira, 04/01/2018 19:02
Fonte: G1 MT

Cerca de 300 famílias ligadas à Ação Unificada Nacional (ANU) ocupam há quase duas semanas uma fazenda que pertencia ao ex-governador Silval Barbosa (PMDB). O imóvel avaliado em R$ 33 milhões está localizado no município de Peixoto de Azevedo, a 692 km de Cuiabá.

Os manifestantes cobram a criação de um assentamento no local.

O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) disse que a Secretaria da Casa Civil e a Procuradoria Geral do Estado foram notificadas sobre a invasão da área, que aconteceu no dia 26 de dezembro. A área que pertence ao ex-governador foi entregue à Justiça depois de ser realizado um acordo para que ele deixasse a prisão.

Um dos representantes do movimento Ação Unificada Nacional (ANU), Wendel Girotto, informou que na próxima semana uma reunião deverá ser realizada com o Incra para discutir a possibilidade da criação de um assentamento.

"Nossa coordenação irá se reunir com o Incra para tratarmos sobre a ocupação da região", disse.

A fazenda possui cerca de 4,1 mil hectares. A área foi alienada junto com outros bens do ex-governador. As famílias alegam que a área se encontra desocupada e que pode ser usada pelos trabalhadores sem-terra, por se tratar de um terra produtiva.

No local, os manifestantes construíram barracos cobertos com lonas. Não há previsão para a desocupação da área.

 
Silval Barbosa foi solto no ano passado após acordo para a devolução de R$ 46,6 milhões em bens (Foto: Lislaine dos Anjos/G1)Silval Barbosa foi solto no ano passado após acordo para a devolução de R$ 46,6 milhões em bens (Foto: Lislaine dos Anjos/G1)

Silval Barbosa foi solto no ano passado após acordo para a devolução de R$ 46,6 milhões em bens (Foto: Lislaine dos Anjos/G1)

  

Em troca da liberdade

 

O ex-governador deixou a prisão em regime fechado em junho do ano passado depois dequase dois anos preso. Ele teve a prisão domiciliar decretada mediante entrega de R$ 46 milhões em bens. Entre eles estão duas fazendas, avaliadas em R$ 33 milhões e R$ 10 milhões, e um avião de R$ 900 mil.

A aeronave já começou a ser usada pelo governo no transporte de presos e autoridades.

O ex-governador foi preso durante a operação Sodoma, que investiga a existência de uma suposta organização criminosa que cobrava propina de empresários para manter contratos vigentes com o estado, durante a gestão dele.