Uma nuvem de gafanhotos que está devorando plantações agrícolas na Argentina deve chegar ao Brasil nos próximos dias. Autoridades do governo brasileiro estão em alerta e monitorando o caso. Pesquisadores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e do Ministério da Agricultura estão conversando sobre medidas a serem adotadas caso os insetos cheguem ao Brasil.
De acordo com o engenheiro agrônomo argentino Héctor Medina, em aproximadamente um quilômetro quadrado pode ter até 40 milhões de insetos, que podem consumir, em um dia, a quantidade de pasto equivalente ao que duas mil vacas comem, ou o alimento de 350 mil pessoas. Os insetos vieram do Paraguai e, por lá, destruíram lavouras de milho. Agora, a praga avança no território argentino que faz fronteira com o Brasil e com o Uruguai.
A expectativa é de que a praga pode chegar ao oeste do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, oferecendo riscos às lavouras desses estados. As principais regiões atingidas na Argentina são as províncias de Santa Fé, Formosa e Chaco, onde existe produção de cana-de-açúcar e mandioca e a condição climática é favorável.
O Serviço Nacional de Saúde e Qualidade Agroalimentar (Senasa) da Argentina publicou um mapa com alerta da praga em que é possível ver uma faixa vermelha que representa ‘perigo’. Regiões da fronteira oeste do Rio Grande do Sul estão no alerta dos argentinos.
Ontem (22), o governo da província de Córdoba, na Argentina, também alertou para a passagem dos gafanhotos na região. “O Ministério da Agricultura de Córdoba e o Senasa monitoram a situação. Em Córdoba, ambas as propriedades possuem protocolos de trabalho para serem ativados em caso de entrada da praga”, disse por meio do Twitter.
Em outra postagem, o Senasa mostra o prejuízo causado pela nuvem de gafanhotos em lavouras de milho e mandioca. “Notamos a presença de uma nuvem de gafanhoto do Paraguai, em Colonia Santo Domingo, na cidade do General Manuel Belgrano, Formosa. Vamos avaliar a densidade da população da peste e os danos causados ao milho e mandioca”.
Nas redes sociais, o engenheiro agrônomo e chefe do Programa Nacional de Gafanhotos do Senasa, Hector Emilio Medina, postou imagens impressionantes do seu trabalho. Em uma postagem, ele comenta que esta é a primeira vez que em muitos anos o Brasil e o Uruguai aparecem no mapa de alerta da praga.
Em entrevista ao Canal Rural, o presidente do Sindicato Rural de Alegrete, no Rio Grande do Sul, Luiz Plastina Gomes, falou sobre a preocupação com a possível chegada dos insetos ao estado gaúcho. “Estamos saindo de uma seca muito grande, e nos preocupa uma influência negativa se chegar até aqui essa nuvem de gafanhotos. As últimas nuvens de insetos que temos registro na região ocorreram dos anos de 1920 e 1930, o que era comuns em épocas de estiagem e traziam grandes prejuízos”, informou.
O governo argentino afirma que os insetos podem passar por vilas e cidades, mas não causam danos diretos aos seres humanos, apenas causam riscos a plantações e pastagens.