Mato Grosso possui 15.328 casos confirmados de coronavírus, sendo 3.740 somente em Cuiabá. Ou seja, 24% do total. Nos últimos meses, o vírus se espalhou pelo Estado e praticamente todos os 141 municípios registraram infecções. Mesmo assim, a taxa de crescimento na Capital segue em crescente. A taxa de ocupação está em 90,4% para UTIs e em 42,1% para enfermarias.
O comparativo percentual de casos confirmados de Covid-19 entre Cuiabá e Mato Grosso mostra que, em abril, a Capital chegou a representar 63% dos casos confirmados no estado, marca que foi registrada no dia 5 de abril. Foi o auge dessa relação comparativa. No dia 30 de abril, essa marca já havia caído para 44%. Naquele dia, Mato Grosso tinha 302 casos confirmados, sendo 134 na Capital.
Em 31 de maio, Mato Grosso tinha 2.485 casos confirmados da doença, enquanto Cuiabá tinha 747, ou seja, 30% dos casos em relação ao estado. Ao entrarmos no mês de junho, o percentual de casos confirmados de Covid-19 em Cuiabá em relação a Mato Grosso, oscilou entre 29% e 30% na primeira quinzena. Depois começou a cair e, na segunda-feira fechou com 24% dos casos de Covid-19 no estado.
Fato é que apenas a população de Cuiabá representa um quinto (20%) de todas as pessoas que residem em Mato Grosso. Porém, quando se fala em número de casos, a capital mato-grossense responde por quase um quarto (24%).
É a chamada interiorização do vírus, como afirma o prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro. “O interior não está tendo apoio. Por que eu digo isso? Eu fui deputado estadual por quatro mandatos. Conheço o interior de Mato Grosso na palma da minha mão. 80% dos nossos municípios são de pequeno e médio porte, são municípios que não têm recursos, não tem estrutura técnica, não têm condições de sozinhos combater uma pandemia na proporção e na força de uma Covid-19”, afirma.
Vale lembrar que a interiorização do vírus é algo comumente visto durante a pandemia, desde que a doença começou a se espalhar. Isso porque as cidades maiories e capitais são as portas de entrada da população, seja por meio terrestre, aéreo ou aquático.
O gestor defende que os governos estadual e federal melhorem a estrutura da saúde no interior do estado. “Principalmente em leitos de UTI nos polos porque, caso contrário, nós vamos ter agora em julho um drama de interiorização do vírus que já está dramático, que acaba afetando Cuiabá porque Cuiabá é a capital, é a cidade mais importante, é a maior cidade, tem a melhor estrutura de saúde, tem grandes profissionais. E a população, não tendo leitos de UTI no interior, ela corre pra Cuiabá numa velocidade extraordinária. E aí vem o que chamam de colapso na saúde”, explica.
Emanuel Pinheiro destaca ainda que em nenhum momento se colocou contra a quarentena na Capital, tanto que foi o primeiro prefeito a decretar tal medida, logo em março, o que garantiu tempo de informar a população sobre essa nova doença e estruturar a rede municipal de saúde. Ele reforça que até hoje diversas atividades estão impedidas de funcionar, há mais de 90 dias, como estabelecimentos de ensino, feiras livres e academias, por exemplo.
O gestor aponta que o impacto econômico da pandemia é muito forte, mas que, mesmo assim, tem priorizado a questão da saúde, determinando medidas rígidas de biossegurança aos estabelecimentos que chegaram a retornar de forma gradual, antes da decisão judicial que determinou a quarentena coletiva obrigatória. “A Prefeitura vinha com trabalho técnico-sanitário muito delicado, casando o impacto econômico com o impacto sanitário e vice-versa”, afirma.
Atualizada às 09h42