Mato grosso está há mais de dez dias com Unidades de Terapia Intensiva (UTI) totalmente ocupadas nas redes pública e privada.
A situação é tão crítica que pacientes estão sendo levados pra outros estados. Em Mato Grosso já são 23.506 casos confirmados da doença, segundo o boletim da Secretaria Estadual de Saúde (SES-MT) publicado nesta terça-feira (7).
Marcos da Silva Sousa e o irmão dele, que é ajudante geral, vieram do Maranhão pra trabalhar em uma fazenda em Mato Grosso. Pouco dias depois, o irmão apresentou os sintomas da Covid-19.
“Ele saiu às pressas atrás de uma consulta médica porque estava se sentindo muito mal. Dor nos pulmões, falta de ar, dor de cabeça”, afirma.
Ele precisava de um leito de UTI. Como não conseguiu no estado, foi transferido de avião pra Mato Grosso do Sul. Em Mato Grosso, o número diário de mortes registradas dobrou depois que as vagas acabaram, passando pra mais de trinta por dia. Já são 896 mortes confirmadas pela doença.
Para o pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Diego Xavier, as estruturas emergenciais de saúde de outros estados poderiam ser usadas pra socorrer regiões que agora estão com um aumento de casos.
“Seria adequado numa estratégia a nível de governo federal, alguns hospitais que estão se desmobilizando, como é o caso de Manaus, São Paulo e no Nordeste, que esses recursos pudessem ser emprestados pros estados do Sul e do Centro-Oeste, pra está atendendo essa população”, afirma.
A previsão do governo do estado é ativar 94 leitos de UTI até o fim de julho. O secretário de saúde, Gilberto Figueiredo, informou que a demora é pela dificuldade de estruturar os leitos
“A gente está com dificuldade de achar medicamento no mercado, profissional, equipamento. Hoje por exemplo, eu estou em São Paulo pra tentar recuperar respiradores que compramos em março de uma empresa daqui. Eles foram requisitados pela união, com a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) e agora a gente está tentando reaver. Esses 50 respiradores são fundamentais pra essa ampliação de leitos”, afirma.
Ramão de Oliveira, de 56 anos, tem pressão alta e diabetes. A família diz que por causa da Covid-19, ele está com 60% do pulmão comprometido. Internado numa enfermaria básica de um hospital particular, ele precisa com urgência de uma vaga na UTI. A esposa de Romão, Fátima Pedroso da Silva Oliveira, desabafa sobre a precariedade na saúde pública.
“Essa doença realmente não é brincadeira, se você pegar não tem onde encontrar um socorro maior, está muito precária a saúde aqui em Mato Grosso”, afirma.