No primeiro artigo publicado em 2018, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso defendeu unidade entre "as forças não extremadas" para as eleições de outubro. "Se as forças não extremadas se engalfinharem para ver quem entre vários será o novo líder e não forem capazes de criar consensos em favor do País e do povo, o pior acontecerá", avaliou.
Em texto publicado no jornal O Estado de S. Paulo, Fernando Henrique deixou claro o que considera perigoso. "Nas pesquisas brasileiras de opinião, pelo menos até agora, sem o quadro eleitoral formado, despontam um capitão irado de cujas propostas pouco se sabe e um líder populista sobre o qual pesam acusações (e mesmo condenações) que destroem o sonho que outrora representou", disse, referindo-se ao deputado Jair Bolsonaro e ao ex-presidente Lula, respectivamente.
Ele também criticou o que chamou de “capitalismo de laços” produzido pelo PT, alertando para o que, segundo ele, ainda pode trazer prejuízo. "E no Brasil? Já não terá bastado o descalabro econômico-financeiro produzido pelo 'capitalismo de laços' que o lulopetismo patrocinou, envolvendo e beneficiando empresas e partidos políticos, para que aprendamos a lição de que não há atalhos fáceis para o desenvolvimento e que este requer o império da lei? Será que o Bolsa Família (que se originou em governos anteriores e sem tanto alarde) foi suficiente para amortecer a consciência popular e fazer crer que a esperança em dias melhores se contenta com migalhas?", questionou o ex-presidente.
O tucano ainda enumerou os presidenciáveis que deveriam, ao seu ver, se juntar em torno de consensos mínimos. "As forças representadas (ou que os adiante mencionados gostariam de representar) por Alckmin, Marina, Meirelles, Joaquim Barbosa, ou quem mais seja (incluídos os setores ponderados da esquerda) precisam entender que os riscos se transformam em realidade pela inércia, pela covardia ou pela falta de visão dos que poderiam a eles se opor", destacou.
O texto foi publicado uma semana depois de FHC ter considerado, em entrevista ao mesmo jornal, a chance de o PSDB apoiar um nome de fora para o Planalto. Para ele, o governador Geraldo Alckmin ainda precisa provar ser capaz de aglutinar o centro do espectro político e de "transmitir uma mensagem" aos brasileiros para se viabilizar como candidato do PSDB e de seus aliados ao Palácio do Planalto neste ano.
Na oportunidade, Fernando Henrtique foi enfático ao defender Alckmin, mas avaliou que, caso ele não cumpra essas tarefas, os tucanos podem apoiar outro nome para evitar a fragmentação do centro, hoje reunido em torno das bandeiras do governo. "Se houver alguém com mais capacidade de juntar, que prove essa capacidade e que tenha princípios próximos aos nossos, temos que apoiar essa pessoa."